Árbitro capixaba com maior número de atuações nacionais e internacionais, especializado em gestão esportiva,e que atuou em dez finais do Campeonato Capixaba, além de partidas das séries A, B, C e D do Campeonato Brasileiro.

La Liga é omissa! Veja a linha do tempo do racismo no futebol espanhol

Falta de ação da Liga Espanhola no combate ao preconceito racial é registrada há mais de 40 anos

Publicado em 25/05/2023 às 02h00
Vinicius Júnior, do Real Madrid, conversa com o árbitro após sofrer ofensas racistas da torcida do Valencia
Vinicius Júnior, do Real Madrid, conversa com o árbitro após sofrer ofensas racistas da torcida do Valencia. Crédito: Twitter/Reprodução

Falta de ação no cumprimento de um dever. Essa definição de omissão deixa claro o que é praticado, ou deixar de ser, pela Liga Espanhola de Futebol no caso de atos racistas contra jogadores de futebol. Além disso, o racismo é considerado crime de ódio na Espanha e prevê pena de um a quatro anos de cadeia, o que até hoje não foi aplicado a nenhum torcedor criminoso. Os três que foram detidos no caso recente com o brasileiro Vinícius Júnior já foram soltos.

Vamos mostrar o passo a passo dessa omissão que chegou a um ponto insustentável com o lamentável número de dez casos em três anos, todos direcionados ao atacante brasileiro que joga no Real Madrid.

Cabe algumas informações que deixam clara a falta de ação da Liga Espanhola, a famosa "Lá Liga", que na realidade não liga para o que realmente deveria. 

Linha do tempo

  • 1982: O lendário jogador camaronês Thomas N'kono, que jogava pelo Espanyol, time da Liga, foi chamado de Mono - macaco em espanhol - por todo o estádio do Zaragoza e nenhuma providência foi tomada. 
  • 2004: Samuel Eto'o foi chamado de macaco por torcedores do Getafe. 
  • 2005: Ronaldo Fenômeno e a mãe dele receberam ofensas racistas por parte da torcida do Málaga, e ele teve que ser substituído na partida. 
  • 2014: Os casos foram se multiplicando e um dos mais famosos aconteceu com Daniel Alves, quando torcedores do Villarreal atiraram bananas no campo de jogo em direção ao jogador, que se preparava para cobrar um tiro de canto. 
  • 2020: O ganês Inaki Williams foi chamado de macaco pela torcida do Espanhol quando jogava pelo Atlético de Bilbao. 
  • 2021: Vinícius Júnior, ofendido com atos racistas pela torcida do Barcelona. 
  • 2022: Vinícius Júnior é alvo de ofensas racistas pelas torcidas do Mallorca, do Atletico de Madrid e do Valladolid. 
  • 2023: Vinícius Júnior passou por mais seis casos de ofensas racistas, sendo o último a torcida do Valencia, quando o jogador não suportou mais e ao reagir, acabou sendo expulso de campo de forma ardilosa pela arbitragem, que omitiu imagens do ocorrido.
Daniel Alves conquistou a maior parte dos títulos de sua carreira pelo Barcelona
Quando atuou pelo Barcelona, Daniel Alves foi alvo de racismo. Crédito: Foto: Instagram

Com a reação do jogador, surgiram os discursos oportunistas sobre o caso. A Fifa, que deveria agir fortemente de cima para baixo, está apenas no discurso até o momento. A CBF, que já havia marcado um amistoso caça-níquel exatamente na Espanha contra a seleção da Guiné, quer transformar o amistoso em um oba-oba que ela está chamando de "marco" contra o racismo quando, na verdade, deveria cancelar o jogo em um sinal claro de protesto.

Em quase vinte anos atuando dentro de campo como árbitro, é verdade que eu já escutei de tudo, mas chegou a hora de um basta. Até porque desde 2019 a Fifa já deu a prerrogativa clara aos árbitros para agir nesses casos. O código disciplinar da entidade máxima do futebol mundial passou a prever ações em três etapas por parte da arbitragem. 

  1. Adiamento do jogo se os atos racistas forem observados antes do jogo começar - o que foi o caso neste último episódio contra Vinícius Júnior;
  2. A suspensão temporária da partida se os casos ocorrerem durante o jogo - o que também ocorreu neste mesmo jogo; 
  3. O encerramento da partida se os atos não cessarem após a suspensão temporária, inclusive decretando a derrota da equipe causadora do encerramento do jogo.

Como vimos, nada disso foi feito como deveria, o que configura omissão total da arbitragem e das autoridades esportivas. O que esperar das autoridades civis e criminais que reiteradamente arquivam casos semelhantes como os citados acima? Não dá para esperar mais nada. É hora de começar a agir como se deve em um caso desses. Com energia e firmeza. Ponto final.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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