As cenas lamentáveis do técnico do Botafogo, o português Luiz Castro, reclamando de forma descontrolada e sendo expulso pela árbitra Edina Alves no clássico contra o Flamengo, retratam um cenário no mínimo curioso.
Os técnicos estão sendo punidos em alta escala no Campeonato Brasileiro, superando inclusive os jogadores que, em tese, receberiam mais cartões por estarem em disputa física dentro de campo. É isso que os números comprovam em um levantamento feito de 2019 até a terceira rodada do Brasileirão 2023.
Em 2019, a média de cartões aplicados por reclamação foi de 0,81, em 380 jogos. Em 2020, a média se manteve. Já no Campeonato Brasileiro de 2021 esse número subiu para 0,96. Em 2022, passou para 1,13, e em 2023 já está em 1,77, sendo que foram disputados 53 partidas até o momento.
O crescimento do número de cartões é nítido, mas o que chama mesmo a atenção é que os treinadores encabeçam a lista das punições.
- Abel Ferreira 22
- Sampaoli 19
- Fernando Diniz 18
- Maurício Barbieri 18
Só depois aparecem os jogadores, Vina e Gabigol com 16 cartões cada um. Os números não mentem e mostram que o descontrole emocional começa fora de campo e que os jogadores, sem comando nesse aspecto, tornam-se espelhos de seus comandantes dentro de campo, o que colabora muito para cenas chatas e descabidas como assistimos em todas as rodadas no Campeonato Brasileiro.
Virá alguém dizer que a culpa é dos árbitros que irritam os coitados dos técnicos e que eles são vítimas e nós, vilões. Talvez seja pelo fato de sempre achar um culpado para os chiliques à beira do campo que eles continuam cada vez mais descontrolados e as punições aumentando a cada ano.
Falando em números, agora são os goleiros que se manifestam contra a nova regra que proíbe os goleiros de se movimentarem "distraindo injustamente" o adversário na cobrança de um pênalti. A reclamação foi geral entre os goleiros da Série A do Campeonato Brasileiro, alegando que o batedor pode utilizar de fintas, acelerar e diminuir a corrida até a bola durante a cobrança para dificultar a defesa do goleiro, mas engessam o goleiro que não pode fazer nada.
Eu, que já fui goleiro, concordo plenamente e acho que a regra exagerou com essa medida. Na hora da cobrança de um pênalti, há um jogo mental que é parte do futebol e a condição de fazer o gol e defender a cobrança deve ser igual para os dois lados. Voltando aos números, após essa exigência da regra, a eficácia dos batedores aumentou em 12,4% indo a quase 90% de aproveitamento nas 34 penalidades cobradas após o dia 11 de abril, quando a regra passou a valer.
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