Pelo menos quatro das sete escolas de samba do Grupo Especial de Vitória tiveram prejuízos consideráveis por causa das fortes chuvas que atingiram a Grande Vitória no último fim de semana. Mocidade Unida da Glória (MUG) e Unidos de Jucutuquara estão entre as mais afetadas: tiveram os barracões alagados e enlameados, além de pedaços de alegorias quebrados por causa do temporal do último domingo (21).
Na MUG, a chuva molhou as fantasias de quatro alas. Mas o diretor administrativo Patrick Rocha garante que tudo será rapidamente recuperado. O prejuízo maior foi no carro abre-alas, que teve partes destruídas. A escola parou todos os trabalhos nesta segunda-feira (22) para limpar e reorganizar o barracão. A diretoria estima que serão necessários pelo menos mais dois dias para que todo o material seque e seja possível continuar a adereçagem. O trabalho que seria finalizado dias antes do desfile, segundo Patrick, agora só deverá ser finalizado na avenida, momentos antes de cruzar a linha amarela.
A Jucutuquara teve prejuízos no telhado de todos os carros alegóricos. Todas as alegorias da Coruja estão ao relento. Por isso, ficam mais sujeitas à ação do tempo – e também aos problemas que a chuva pode causar.
Prejuízo também no Pega no Samba, que ia começar a forragem dos carros nesta segunda (22) – o presidente, Dannilo Amon, assume que a escola está atrasada –, mas o trabalho não ocorreu porque a madeira que cobre as ferragens foi toda molhada. Será necessário fazer novamente a madeiragem de dois carros – um prejuízo de dois dias de trabalho e mais de R$ 6 mil, de acordo com Amon.
A Novo Império, que assim como o Pega usa a área ao lado do Tancredão para construir os carros alegóricos, não teve destruição no barracão pesado. Porém, terá atraso nos trabalhos porque os carros estão molhados. Sabendo da previsão de chuva, a escola embalou todo material que podia para proteger da água, mas infelizmente uma parte ficou molhada e agora é preciso esperar que o tempo firme para continuar os trabalhos.
Na Chegou o que Faltava, a madeira dos "queijos" – parte onde as pessoas desfilam – de um dos carros alegóricos foi danificada e precisará ser trocada. Segundo o carnavalesco Vanderson Cesar, serão necessários pelo menos mais dois dias de estiagem para que todo o material fique seco e os trabalhos possam continuar. Na tarde desta segunda-feira (22), os trabalhadores do barracão precisaram paralisar as atividades para cobrir tudo com lona, protegendo de mais um princípio de chuva.
O debate sobre a Cidade do Samba
Em situações extremas como a que enfrentamos neste fim de semana, seja de chuva ou de sol e calor, ressurgem os debates sobre a necessidade da construção de uma Cidade do Samba – um espaço que possa abrigar tanto as alegorias sob tetos e paredes quanto os barracões de fantasias.
Márcio Puluker
Carnavalesco da Novo Império
"Nos precavemos e embalamos as coisas que poderiam ter avaria. Mas, mesmo assim, muita coisa molhou. Agora, precisamos do sol. A verdade é que aqui, no Tancredão, não cabe mais fazer carnaval. Precisamos de espaço com mais cobertura e infraestrutura para fazermos um grande espetáculo no Sambão do Povo"
Patrick Rocha
Diretor Administrativo da MUG
"Com o Carnaval capixaba na crescente que segue a sua relevância para o Estado, a construção de uma Cidade do Samba é necessidade urgente para que as escolas possam dar dignidade de trabalho aos operários da folia e garantam a qualidade do espetáculo na avenida. O trabalho de meses das comunidades não pode ficar mais à mercê das intempéries"
O projeto de uma Cidade do Samba existe, segundo a Liga das Escolas de Samba do Grupo Especial (Liesges). Seguiremos com mais detalhes sobre este assunto na coluna da próxima quarta-feira (24).
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