Por trás dos quadros de Homero Massena no desfile deste ano da Mocidade Unida da Glória (MUG), existem mãos habilidosas e sensibilidade artística de um capixaba, cria do samba de Vitória. Trata-se de Wagner Felipe de Castro Vieira. Mas pouca gente o conhece pelo nome de batismo. O nome pelo qual é mais conhecido nos barracões tem peso e carrega a história de um legado de sambista. Wagner é, na verdade, o Lajotinha.
O diminutivo é desproporcional à grandeza do artista, que se tornou braço direito do carnavalesco canela-verde Petterson Alves. Lajotinha é tratado assim por ser o filho do grande mestre Lajota Vieira, compositor e intérprete do Pega no Samba. O artista plástico se lembra de quando, na infância, era acordado pela mãe para ver o pai passar na avenida. Também se lembra das rodas de samba em que via o pai cantar.
Lajotinha
Artista plástico
"Ser filho do Lajota é uma honra! Meu pai é a tradução do samba de raiz, do verdadeiro samba de elegância e da luta por essa bandeira. Me lembro de ir ver os desfiles, quando criança, e de dormir na arquibancada do Sambão para vê-lo cantar. Acordava com a minha mãe gritando: 'Lá vem seu pai!'. Me recordo de um desfile na Avenida Jerônimo Monteiro, em que houve um problema no som, mas ele puxou um samba das antigas à capela e a escola entrou a todo vapor. Foi campeã. Meu pai é incrível!"
A paixão pela pintura
Lajotinha começou a pintar em escolas de samba em 2006, quando integrantes do Pega que sabiam de sua paixão pela pintura o convidaram para ajudar nos trabalhos de barracões da Unidos de Barreiros. Naquele ano, Lajotinha conheceu o carnavalesco Osvaldo Garcia — hoje na Jucutuquara — e nunca mais deixou de prestar serviço e emprestar sua arte à construção dos carnavais de Vitória.
Entre os trabalhos mais marcantes, o artista plástico elege o desfile de 2009 na Unidos de Jucutuquara, "Convento da Penha: O Relicário de um Povo", o último campeonato da escola até agora. "Para muitos críticos e amantes do Carnaval de Vitória, este é um dos maiores desfiles de todos os tempos. Foi incrível, o meu primeiro título no Grupo Especial", lembrou.
Lajotinha também elege o campeonato do ano passado da MUG, "A Caminho das Terras do Sol Poente", sobre a cidade de Colatina, como um dos mais marcantes da carreira. Foi o primeiro ano em que ele trabalhou no Leão da Glória. "Eu queria muito esse título! Me emocionei muito quando vi a escola montada. Um dos meus sonhos era ser campeão na MUG. Eu tenho um respeito enorme por esse pavilhão e ainda quero ser multicampeão aqui", desejou o artista.
Braço-direito
Nos barracões de alegorias, diz-se informalmente que todo carnavalesco precisa ter seu pintor de confiança. No caso de Lajotinha, o "match" parece ter acontecido recentemente. O artista plástico virou a menina dos olhos do carnavalesco Petterson Alves, atualmente na MUG.
O comprometimento e seriedade de Lajotinha, além do talento e técnica para a pintura, caíram no gosto do carnavalesco. Além disso, Petterson destaca o fato de que os dois são crias do carnaval capixaba — o carnavalesco é filho da porta-bandeira e presidente da São Torquato, Neuza Alves (in memorian). A Lajotinha, Petterson rasga elogios.
"Lajotinha é um profissional ímpar do carnaval capixaba. Ele é nativo como eu, é filho de sambista capixaba. Conseguiu captar as minhas ideias, as 'loucuras' do carnavalesco, e compartilha as ideias e pensamentos novos. É um artista muito detalhista, e isso me encantou no trabalho dele. Além disso, é um ser humano fantástico. É um cara que eu descobri e que deu a 'química' entre o carnavalesco e o pintor. Quero carregá-lo por muitos anos comigo", deseja o carnavalesco.
Da parte de Lajotinha, a admiração pelo colega de trabalho é a mesma. "O Pet é um gênio do carnaval. Não é difícil trabalhar com ele, porque prezamos pelo capricho e ele é comprometido com o espetáculo. Acho que falamos a mesma língua. O trabalho flui. Fico feliz que ele confie no meu trabalho. É uma honra estar em mais um projeto com ele", destacou Lajotinha.
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