Na última terça-feira (17), a Prefeitura de Vitória assinou o Termo de Fomento no valor de R$ 2.279.938,03 junto à Liga das Escolas de Samba do Grupo Especial (Liesge) e os representantes das agremiações da cidade, tanto do Grupo Especial quanto do Grupo A. No ano passado, o recurso foi destinado no dia 15 de março, faltando 18 dias para o Carnaval.
Este dinheiro compreende o repasse para as escolas, pagamento de jurados, compositores e intérpretes e premiação das escolas que ficarem em 1º e 2º lugares, dos grupos A e Especial.
Um presidente de uma escola do Grupo Especial, que pediu para não ser identificado, confirmou à coluna que o dinheiro já bateu na conta. "Recebemos cerca de R$ 300 mil. Esse recurso chega em boa hora. Estamos nos arremates finais para o desfile. Esperamos que seja o melhor e maior Carnaval que o Espírito Santo já viu".
De acordo com a prefeitura, os valores foram de R$ 300.848,43 para as cinco escolas do Grupo Especial, que desfilam no sábado (10), e R$ 117.951,576 para as escolas do Grupo A, que se apresentam na sexta-feira (11).
NÃO É GASTO, É INVESTIMENTO
Antes que comecem os comentários que sempre ouvimos sobre uma aparente falta de necessidade de investir em escolas de samba, quero apresentar os números da própria Prefeitura de Vitória.
Em 2022, a festa movimentou R$ 20 milhões. Gerou cerca de 5.300 empregos diretos e indiretos, fez virem ao estado cerca de 12 mil turistas e colocou a taxa de ocupação da rede hoteleira de Vitória na casa dos 90%. Ou seja: o Carnaval gera dinheiro, gera empregos e faz circular a economia. Do grande empresário dono de hotéis à Mara Lucia Almeida, que vende cachorro-quente na entrada do Sambão do Povo e tem que produzir três vezes mais "dogões" em dias de desfiles.
Isso sem contar que todos nós, cidadãos brasileiros, temos o direito à cultura e ao lazer garantidos por lei. É dever do estado brasileiro investir e garantir o acesso a equipamentos culturais - e isso não é a colunista quem está falando, é a Constituição Federal. Cultura é assunto tão importante quanto educação, saúde e segurança.
CULTURA QUE TRANSCENDE
Para se ter uma ideia do impacto de uma escola de samba no território em que ela ocupa, vou remeter a uma história que me foi contada por um integrante da Chegou o que Faltava que mora na região da Grande Goiabeiras, comunidade da escola.
Contou-me que foi a um comércio tradicional do bairro e foi questionado pelo proprietário do local, que é evangélico e não frequenta escolas de samba: "Que horas vai ser o ensaio da escola? Todo mundo que passa por aqui pergunta".
CULTURA QUE TRANSFORMA
Diego Benittez, lendário ex-mestre-sala de MUG e Boa Vista, protagonizou um dos momentos mais bonitos deste pré-carnaval. Neste fim de semana, ele foi conferir o ensaio da primeira escola em que desfilou e recebeu as honrarias de Klaura e Hudson, hoje primeiro casal do Leão da Glória.
Em especial, Diego foi convidado a bailar com Klaura, relembrando dos momentos em que defendeu o pavilhão da MUG. Em um impulso, riscou o chão da quadra como se nunca tivesse se afastado do carnaval. Sambou na ponta dos pés, girou e cortejou a porta-bandeira, sendo imensamente aplaudido. Um momento comovente para ele e para quem o viu defendendo a MUG junto com a irmã, Vanessa Benittez, hoje primeira porta-bandeira da co-irmã Boa Vista.
"Não podia deixar de postar minha paixão pelo samba e emoção ao ser recebido dessa forma na minha escola de origem, após sete anos longe do carnaval. Ontem lavei minha alma. Obrigado pelo carinho e admiração de todos", escreveu Diego em uma rede social.
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Que o povo do samba saiba reconhecer, cada vez mais, quem fez e faz muito por nós!
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