Acompanhe os bastidores da folia, conheça os personagens que fazem a magia acontecer e descubra curiosidades da festa que enche a ilha de cor e som com Any Cometti, comentarista do Carnaval de Vitória

Travesti capixaba vai desfilar em destaque no Grupo Especial do Rio

Deborah Sabará será uma das homenageadas do Paraíso do Tuiuti no enredo que fala sobre Xica Manicongo, considerada a primeira travesti do Brasil

Vitória
Publicado em 29/01/2025 às 12h38
Deborah Sabará, travesti e sambista, vai estrear na Marquês de Sapucaí
Deborah Sabará, travesti e sambista, vai estrear na Marquês de Sapucaí. Crédito: Fernando Madeira

A ativista de direitos humanos e sambista capixaba Deborah Sabará vai estear na Marquês de Sapucaí neste carnaval. A travesti foi convidada a participar como homenageada no desfile da escola de samba carioca Paraíso do Tuiuti. Isso porque o Tuiuti traz, para este ano, o enredo sobre Xica Manicongo, considerada a primeira travesti do Brasil.

O convite veio por meio da presidência da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), de que Deborah é secretária nacional de direitos humanos. A ativista vem no último carro do Tuiuti, junto a outras convidadas. Não vai ser a primeira vez dela no sambódromo carioca — onde já esteve outras vezes para assistir o campeonato — mas será a primeira vez desfilando na Sapucaí.

Importante lembrar que Deborah tem um belíssimo histórico no Carnaval de Vitória. Ela é ex-carnavalesca, ex-coreógrafa de comissão de frente e ex-porta-bandeira (ufa!). A coluna sabe que ela até tenta ficar mais distante dos desfiles, mas o coração de sambista bate forte! Volta e meia, ela é vista desfilando alegre e serelepe pela Imperatriz do Forte, sua escola de coração.

Deborah Sabará representando Nossa Senhora em desfile do Carnaval de Vitória
Deborah Sabará representando Nossa Senhora em desfile do Carnaval de Vitória. Crédito: Cacá Lima

Deborah Sabará

Sambista, travesti, secretária nacional de direitos humanos da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra).

"Tivemos uma surpresa muito positiva com o lançamento do enredo de Xica Manicongo. Depois, nos organizamos para ir ao Rio para o lançamento do samba-enredo. Foi emocionante. O samba-enredo fala muito sobre a nossa realidade. Quando cantamos o samba, falamos da nossa dor, da dor de ser travesti nesse país que tanto mata as pessoas trans."
Enredo do Paraíso do Tuiuti para 2025:
Enredo do Paraíso do Tuiuti para 2025: "Quem tem medo de Xica Manicongo?". Crédito: Divulgação/Paraíso do Tuiuti

Quem tem medo de Xica Manincongo?

Esse é o título do enredo do Paraíso do Tuiuti em 2025. Nascida no Congo, Xica foi escravizada e sequestrada para Salvador no século XVI. Foi alvo do primeiro caso de transfobia, como considerado pela Antra. Xica foi perseguida e se tornou alvo da inquisição católica por não se vestir com trajes masculinos. Para não ser morta queimada em praça pública, passou a se vestir como os homens da época, anulando sua identificação com a feminilidade.

"O título do enredo é uma provocação. A quem interessa apagar a história de Xica Manicongo? Ela foi transgressora em sua trajetória, foi fichada pela Santa Inquisição e virou símbolo de luta das pessoas trans", contou o carnavalesco da escola, Jack Vasconcelos.

Deborah Sabará como segunda porta-bandeira da Imperatriz do Forte
Deborah Sabará como segunda porta-bandeira da Imperatriz do Forte. Crédito: Reprodução/TV Gazeta

Para Deborah, o Paraíso do Tuiuti tem uma oportunidade única de combater a transfobia, no país que continua sendo o que mais mata pessoas trans e travestis em todo o mundo. Além disso, é uma oportunidade de falar sobre a garantia de direitos, cobrar políticas públicas e trazer o debate a público. Hoje, 29 de janeiro, é o Dia Nacional da Visibilidade Trans e Travesti.

Deborah Sabará

Sambista, travesti, secretária nacional de direitos humanos da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra).

"É muito importante que a gente divulgue este desfile, que a gente convide todas as travestis a acompanhar. Que todas as pessoas, trans ou cisgêneras, mesmo não podendo estar presentes, possam enviar energias positivas para a Tuiuti. Por que não pensar no título? Um campeonato com as travestis na Avenida. Vai ser incrível!"

A história de Deborah Sabará

Deborah começou no Carnaval em 1998, como carnavalesca na Rosas de Ouro. Foi coreógrafa de comissão de frente de 2000 a 2002, teve barracão de fantasias e foi responsável por barracão pesado (de alegorias).

Deborah foi uma das primeiras portas-bandeiras trans do Brasil, desfilando com o segundo pavilhão da Imperatriz, entre 2009 e 2013. Como ativista, também é coordenadora da Associação Gold (Grupo Orgulho, Liberdade e Dignidade), organização de apoio a pessoas LGBTQIA+ no Espírito Santo.

A coluna manifesta alegria por tamanha representatividade no nosso estado! Que o desfile seja belo e que Deborah e todas as travestis tenham motivos para comemorar na quarta-feira de cinzas!

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