Vitória terá uma Cidade do Samba até 2025. A promessa é do atual diretor da Liga das Escolas de Samba do Grupo Especial (Liesges), Edson Neto. Ele garante que, desde novembro, estão sendo feitas as tratativas para a construção do complexo, que ficará na área do Tancredão e terá espaço para abrigar as estruturas de carros alegóricos e fantasias das sete escolas da "primeira divisão" da festa.
Nesta semana, nós já falamos aqui na coluna sobre os prejuízos que as chuvas renderam à maioria das escolas do Grupo Especial. Foram agremiações que perderam partes de carros alegóricos, tiveram prejuízos na marcenaria de seus carros e vão ter que atrasar a entrega do desfile por causa da chuva que atinge a Grande Vitória.
Há clara necessidade da construção de um complexo de barracões para comportar o nosso carnaval. Temos hoje, em Vitória, talvez o mais falado desfile a nível Brasil depois de Rio e de São Paulo, e as nossas alegorias — e trabalhadores — continuam à mercê do tempo. Não só pela chuva, mas também pelo calor extremo dos últimos três meses — nos barracões pesados, componentes chegaram a passar mal e a se esconder debaixo de alegorias por causa da condição climática extrema.
Edson Neto
Presidente da Liga das Escolas de Samba do Grupo Especial de Vitória (Liesges)
"Nosso carnaval cresceu e não podemos mais contar com a sorte. Não podemos mais construir carros no tempo. Se chover de hoje até o dia do desfile, tem escola que não termina seu carnaval. A Cidade do Samba, hoje em dia, não é luxo. É necessidade"
O complexo da Cidade do Samba, segundo Neto, será construído anexo ao Tancredão, na Capital, que passará por reformas. O presidente da Liga disse que já foram feitas duas reuniões com a empresa que será responsável pela obra. Além disso, diz que o projeto está em fase de estudos, já que, além da área do Tancredão, que é de responsabilidade da Prefeitura de Vitória, também usará uma parte da área do Teatro Carmélia, que é de propriedade do governo do Estado.
A coluna procurou a Prefeitura de Vitória e o governo do Estado, que não comentaram o assunto até a publicação deste texto.
Sugestões não faltam
Já que o projeto da Cidade do Samba de Vitória está em fase de elaboração, a coluna vai deixar duas sugestões para a Liga do Grupo Especial. É que dois sambistas já fizeram, como pesquisa de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Arquitetura, a elaboração de um projeto que pudesse abrigar as estruturas de barracões das escolas de samba de Vitória.
Um deles é do arquiteto, passista, ex-mestre-sala e neto de fundadores da Unidos de Jucutuquara, Breno Barreto. Ele desenvolveu, em 2017, o Centro Cultural Ilha do Samba, cuja ideia inicial era ser localizado na área onde hoje foram construídas as pistas de skate da Ilha do Príncipe.
O complexo foi projetado para abrigar galpões amplos suficientes para a confecção de três carros alegóricos, além de espaços para confecção e armazenamento das fantasias. A ideia é ter, ainda, um polo gastronômico e comercial, onde, além de um restaurante temático, haja espaço para lojas, de modo que todas as escolas possam comercializar seus produtos, fantasias, além de artesanato local das comunidades. Nas áreas de vivências externas, o projeto contempla tendas para práticas de oficinas, quiosques para alimentação e um anfiteatro ao céu aberto.
Breno Barreto
Arquiteto e sambista, projetou ideia da "Ilha do Samba"
"A ideia nasceu da necessidade de ter espaços voltados para as escolas de samba da Grande Vitória. O local foi idealizado para que as agremiações pudessem ter um espaço seguro e protegido de intempéries para desenvolver seus carros alegóricos e fantasias. Esse projeto tem a intenção de valorizar a cultura e movimentar a economia local, agregando ainda mais valor e trazendo visibilidade e investimentos para o carnaval capixaba"
Outra proposta é do graduado em Arquitetura Fernando Bastos Faria, que já foi componente da Unidos de Jucutuquara e da MUG e que hoje compõe a área de comunicação da Chegou o que Faltava. A ideia é aproveitar uma parte do espaço do Tancredão para construir um complexo de barracões das escolas de samba. O projeto também conta com passarelas, largas calçadas, área de convivência, praças e mercados para valorização do artesanato local.
Fernando Bastos Faria
Graduado em Arquitetura e sambista
"A cidade de Vitória anseia por políticas culturais e espaços públicos de qualidade, e isso é refletido em pequenas ações que acontecem no dia a dia da cidade, que tomam proporções enormes. Como exemplo, festivais de músicas no Centro da capital, food trucks e beer trucks estão atraindo milhares de pessoas. O próprio desfile das escolas de samba é um desses eventos, o qual diversos turistas de outras partes do Brasil vêm prestigiar"
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