Estúdio Gazeta
Escola Monteiro
Estudo publicado por um dos mais influentes centros de pesquisas educacionais dos Estados Unidos - o Learning Policy Institute - sentencia: o que há de mais novo nas pesquisas sobre aprendizado e desenvolvimento humano demonstra que um clima escolar positivo não é um elemento acessório a ser acrescentado depois que as dimensões acadêmicas ou disciplinares forem atendidas. Na verdade, trata-se do principal caminho para um aprendizado efetivo.
Outra pesquisa realizada por pesquisadores australianos que se debruçaram sobre 46 estudos publicados em revistas científicas chega a conclusões da mesma ordem, afirmando que, quando alunos e professores estabelecem relações positivas, o desempenho escolar melhora.
No livro “Juventudes na Escola, sentidos e buscas: Por que frequentam?”, a partir de uma pesquisa com mais de oito mil jovens no Brasil, a pesquisadora Miriam Abramovay identifica que, entre as questões mais relevantes apontadas pelos entrevistados como incentivo ao estudo, está ter bons professores e amigos no universo escolar, entendendo como bom professor aquele que “sabe ensinar, é inovador, conhece as dificuldades dos alunos e também respeita e escuta, é amigo e tem uma boa interação com os alunos”.
Ou seja, de acordo com as pesquisas, criar um ambiente escolar que favoreça a interação, o diálogo, a criatividade, a descoberta, o acolhimento e a parceria é fundamental para obter bons resultados de aprendizagem.
É o que pensa também a diretora pedagógica da Escola Monteiro, Penha Tótola. “Crianças e adolescentes aprendem quando se sentem seguros, apoiados e acolhidos. E esse é um de nossos valores mais importantes, um dos pilares que sustentam a forma Monteiro de fazer educação. Buscamos construir, em comunidade, esse lugar de afeto que favorece o aprendizado, cria protagonismo, estimula a criatividade e desenvolve habilidades e competências, num processo de aprendizagem efetivo e humanizado”, ressalta.
Ela afirma que, muitas vezes, o que se percebe é uma visão equivocada do que seria a humanização na educação. “Humanização não é individualismo, não é abrir mão das regras, da disciplina e do compromisso. Ao contrário, humanizar é, entre outros pontos, olhar o indivíduo em todas as suas dimensões. É contribuir na construção de habilidades e valores para ajudá-lo a escolher seu caminho com autonomia. E isso exige disciplina, compromisso, comprometimento, parceria e trabalho conjunto”, considera Penha.
Aluno da Escola Monteiro ao longo do ensino fundamental e do ensino médio, Guilherme Madeira acaba de ser aprovado nos cursos de Engenharia de Produção da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e confirma ter experimentado na prática o que Penha descreve.
“Estudei na Monteiro a minha vida inteira. A escola sempre foi, para mim, mais do que um ambiente escolar formal. Era um ambiente quase familiar no melhor dos aspectos, no sentido de acolhimento, diálogo e abertura. Isso, com certeza, contribuiu muito na minha trajetória escolar e nesse caminho até a faculdade. A Monteiro tem essa capacidade de olhar para nossas singularidades sem abrir mão do coletivo. Na 3ª série do ensino médio, então, um período tão desafiador para nós, essa postura fez toda a diferença, não só para mim como para todos os meus amigos. Eles realmente embarcam nos nossos sonhos, nos ajudando primeiro a sonhar e, depois, a concretizar o sonho”, afirma.
Renato Campos Braga, aprovado nos cursos de Direito da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), também considera o ambiente construído pela escola no dia a dia como fundamental para o seu bom desempenho na jornada rumo à universidade. “É uma proposta que consegue nos chamar à responsabilidade e ao compromisso, sem abrir mão da liberdade e da flexibilidade e de um ambiente de acolhimento e atenção”, considera.
E, na escola, o caminho para a autonomia começa cedo, desde as primeiras aulas do ensino fundamental. “A trajetória escolar é uma construção. Se queremos formar sujeitos autônomos, criativos, colaborativos, é importante começar cedo, sem sobrecarregar a criança, de forma leve, no brincar, no se relacionar, no falar e escutar, no participar”, diz Penha.
É isso que Leo Romano, pai de Pedro, 10 anos, e Felipe, 7 anos, percebe e valoriza no dia a dia entre os diferenciais da escola. “Acho o estímulo à criatividade e à autonomia muito importantes para a formação dos meus filhos. Percebo que a cabeça deles está sempre buscando soluções e criando brincadeiras como resultado desse estímulo. É uma excelente qualidade que, certamente, crescerá com eles e que vai ajudá-los bastante na vida adulta”, considera.
Outro ponto que Leo confirma é a felicidade dos meninos de ir e de estar na escola. “Aqui em casa eles brigam quando precisam faltar algum dia de aula. Significa que o aprendizado não é pesado e desestimulante”, ressalta.
A preocupação com o bem-estar se materializa em projetos e iniciativas diversificadas com um programa não à toa batizado de Bem-Estar, que trabalha questões relacionadas à convivência, relacionamento interpessoal, diálogo, qualidade de vida, meio ambiente, alimentação saudável, entre outros.
Há ainda aulas de ioga semanais na grade curricular de todas as séries; Espaço Maker e laboratórios para que os alunos possam colocar o conhecimento em prática; além de estudos do meio que podem incluir de espaços nos arredores da escola até uma viagem a Amazônia ou a Machu Picchu.
Assembleias quinzenais são realizadas em cada uma das turmas para discutir temas relacionados à escola e à comunidade escolar. “Os alunos realmente têm vez e voz. Eles podem fazer propostas, reclamar, sugerir... Tudo é ouvido e respondido. Os pleitos são de fato avaliados e, quando pertinentes, atendidos. Um exemplo foi a substituição das pedrinhas do parquinho a partir de uma reclamação de uma turma do 1º ano do ensino fundamental. Eles queriam um piso mais confortável para brincarem descalços”, conta Penha.
A família também é incentivada a participar de fato do processo educativo. Para isso, são desenvolvidos projetos como a Escola de Pais, que tem como objetivo reunir os responsáveis e a equipe escolar para a discussão de temas atuais e relevantes que possam servir de apoio no processo educacional que envolve família e escola. Há ainda o Conselho de Pais, que é o órgão consultivo da direção em assuntos escolares e comunitários.
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