Quando pensamos em Bolsa de Valores, o que vem à mente é a possibilidade de comprar pequenas partes de grandes empresas em busca de lucros futuros. No entanto existe um mercado extenso fora dos holofotes dos analistas do mercado aberto, que também apresenta grandes potenciais de retorno: as empresas caracterizadas como Private Equity — ou capital privado.
O investimento em Private Equity refere-se à compra de ações de empresas que não são listadas em bolsas de valores, ou seja, são investimentos em empresas de capital fechado. Em vez de comprar ações em mercados públicos, os investidores adquirem participações diretas em empresas privadas, com o objetivo de melhorar a empresa, aumentar seu valor e, eventualmente, vender a participação com lucro.
Para a empresa, esse processo é vantajoso, pois permite aumentar o capital para planos de crescimento e expansão de forma mais flexível. A operação acontece através de um fundo de investimento, e o gestor não intermedia apenas os recursos financeiros entre o investidor e a empresa, mas também oferece expertise estratégica e operacional. Isso permite que empresas menores, que frequentemente enfrentam dificuldades para acessar crédito bancário ou levantar capital por meio de ações públicas, obtenham os recursos necessários para expandir e inovar.
Apesar do seu potencial de altos retornos e diversificação de portfólio, apenas uma pequena parcela dos investidores brasileiros explora esse mercado. Segundo a Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP), o volume de capital alocado nesse tipo de investimento no Brasil ainda é significativamente menor em comparação com mercados mais desenvolvidos. Em 2023, enquanto os fundos de Private Equity nos Estados Unidos movimentaram cerca de US$ 800 bilhões, no Brasil, esse número foi de aproximadamente US$ 20 bilhões, representando uma diferença expressiva e indicando um grande potencial inexplorado pelos investidores brasileiros.
Esse cenário pode ser atribuído a várias causas, incluindo a imaturidade do mercado, a falta de educação financeira dos investidores e a escassez de informações acessíveis sobre essas aplicações aqui no Brasil. Como resultado, muitos investidores acabam preferindo opções mais tradicionais, como ações de empresas públicas e imóveis. A combinação desses e outros fatores resulta em uma menor alocação de capital nesse tipo de investimento, limitando o potencial de crescimento e inovação das empresas no país e o retorno dos portfólios dos investidores.
No Brasil, apesar da diferença do volume movimentado por esse mercado comparado aos Estados Unidos, há diversos exemplos de empresas que foram compradas por fundos de Private Equity e se tornaram grandes corporações. A Dudalina, por exemplo, é uma tradicional fabricante de camisas que, após ser adquirida pelo fundo Advent International, expandiu significativamente suas operações e aumentou sua presença internacional. Outro grande exemplo é a XP Investimentos. Fundada em 2001, ela começou como uma pequena corretora de valores, focada em oferecer educação financeira e acesso ao mercado de ações para investidores individuais.
Com o apoio financeiro e estratégico dos fundos General Atlantic e Actis, a XP conseguiu um crescimento explosivo e abriu seu capital na NASDAQ em 2019, em um dos maiores IPOs (Oferta Pública Inicial) de uma empresa brasileira nos últimos anos.
Com exemplos de sucesso no Brasil e grandes vantagens para o investidor, fica evidente que investir em empresas de capital privado pode ser uma ferramenta poderosa para ajudar no crescimento de empresas menores, melhorar a performance dos portifólios dos investidores e impulsionar o desenvolvimento econômico e empresarial do país.
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