Estamos em um momento de muitas perguntas e poucas certezas no mercado financeiro. Entre as principais dúvidas está: a bolsa brasileira pode se recuperar até o final do ano ou veremos novos tropeços? A resposta não é simples, mas, com base em um brainstorming realizado por João Braga, da Encore Asset, com o seu time e alguns especialistas do mercado, publicado na última semana no YouTube, analisamos alguns motivos que podem levar o mercado a subir ou a cair até o fim de dezembro.
É importante lembrar que este exercício não é uma previsão, mas uma reflexão sobre os fatores que podem influenciar os preços nos próximos meses.
Motivos para a Bolsa cair
- Pacote fiscal rum do governo
A novela do pacote fiscal do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem gerado frustração no mercado. Promessas sem entregas concretas cansaram investidores. Se o pacote for mal estruturado ou sequer for apresentado, o impacto será negativo. - Revisões
negativas de inflação para 2025
As previsões de inflação têm subido continuamente, com bancos como Itaú e BTG revisando números para cima. Um cenário de inflação mais alta pode pressionar a taxa Selic, desvalorizando ativos. - Corte
de juros nos EUA em pausa
Apesar do início do ciclo de corte de juros nos Estados Unidos, dados recentes indicam uma economia forte. Se o Federal Reserve decidir pausar os cortes em dezembro, o apetite por risco em mercados emergentes pode diminuir. - Dólar forte no mundo
O índice DXY, que mede a força do dólar frente a uma cesta de diversas moedas no mundo, atingiu os maiores níveis do ano. Isso reduz o interesse por mercados emergentes e pressiona ainda mais moedas como o real. - Sazonalidade negativa do petróleo
Historicamente, os preços do petróleo tendem a cair em dezembro, o que pode afetar empresas como a Petrobras. Por outro lado, tensões geopolíticas podem oferecer alguma proteção.
Motivos para a Bolsa subir
- Pacote fiscal surpreender positivamente
Com expectativas tão baixas, qualquer proposta fiscal razoável pode reacender o otimismo do mercado. Esse seria um dos principais gatilhos para uma recuperação. Esperamos um anúncio para esta semana. Então, fique ligado. - Dividendos reinvestidos
Estima-se que até o final do ano sejam pagos cerca de R$ 42 bilhões em dividendos pelas empresas listadas. Parte desse capital tende a ser reinvestido na Bolsa, gerando pressão compradora. - Revisões positivas após temporada de resultados
A temporada de balanços das empresas foi boa, com muitas superando expectativas. Isso pode levar a revisões para cima nos lucros esperados e, consequentemente, nos preços-alvo. - Sentimento pessimista extremo
O pessimismo extremo entre investidores geralmente marca momentos de inflexão no mercado. Quando o sentimento é tão negativo, qualquer sequência de boas notícias pode gerar um fluxo comprador e impulsionar as ações. -
Sazonalidade positiva no exterior e do minério
de ferro
Historicamente, novembro e dezembro são meses positivos para o mercado americano, o que pode influenciar o Ibovespa. Além disso, dezembro costuma ser um mês forte para o preço do minério de ferro, beneficiando empresas como a Vale.
E agora?
Com esses argumentos na mesa, qual é a sua opinião? O cenário que se materializará está mais para o positivo ou para o negativo? Eu hoje penso que há mais motivos para otimismo do que pessimismo, especialmente considerando que o mercado incorpora um cenário bastante negativo na precificação das ações e das taxas de juros futuras. No entanto, como sempre, o futuro é incerto e absolutamente ninguém tem capacidade de prevê-lo com consistência.
A melhor estratégia é manter-se bem informado, diversificar seus investimentos e não tomar decisões baseadas apenas no curto prazo. Afinal, como já dizia Warren Buffett, "o mercado é um mecanismo de transferência de riqueza dos impacientes para os pacientes".
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