Formado em engenharia civil pela Ufes, pós-graduado em Finanças pelo IBMEC-MG e com mestrado em Administração pela Fucape, geriu o clube de investimentos Investvix entre 2011 e 2015. É assessor de Investimentos na Valor Investimentos desde 2016

O que esperar da Bolsa no Brasil até o fim deste ano?

Em um momento de muitas perguntas e poucas certezas, analisamos  alguns motivos que podem levar o mercado a subir ou a cair até o fim de dezembro

Publicado em 25/11/2024 às 09h56
Bolsa de Valores, investimentos
Bolsa de Valores: é preciso manter-se bem informado e diversificar investimentos. Crédito: Reprodução

Estamos em um momento de muitas perguntas e poucas certezas no mercado financeiro. Entre as principais dúvidas está: a bolsa brasileira pode se recuperar até o final do ano ou veremos novos tropeços? A resposta não é simples, mas, com base em um brainstorming realizado por João Braga, da Encore Asset, com o seu time e alguns especialistas do mercado, publicado na última semana no YouTube, analisamos alguns motivos que podem levar o mercado a subir ou a cair até o fim de dezembro.

É importante lembrar que este exercício não é uma previsão, mas uma reflexão sobre os fatores que podem influenciar os preços nos próximos meses.

Motivos para a Bolsa cair

  1. Pacote fiscal rum do governo
    A novela do pacote fiscal do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem gerado frustração no mercado. Promessas sem entregas concretas cansaram investidores. Se o pacote for mal estruturado ou sequer for apresentado, o impacto será negativo.

  2. Revisões negativas de inflação para 2025
    As previsões de inflação têm subido continuamente, com bancos como Itaú e BTG revisando números para cima. Um cenário de inflação mais alta pode pressionar a taxa Selic, desvalorizando ativos.

  3. Corte de juros nos EUA em pausa
    Apesar do início do ciclo de corte de juros nos Estados Unidos, dados recentes indicam uma economia forte. Se o Federal Reserve decidir pausar os cortes em dezembro, o apetite por risco em mercados emergentes pode diminuir.

  4. Dólar forte no mundo
    O índice DXY, que mede a força do dólar frente a uma cesta de diversas moedas no mundo, atingiu os maiores níveis do ano. Isso reduz o interesse por mercados emergentes e pressiona ainda mais moedas como o real.

  5. Sazonalidade negativa do petróleo
    Historicamente, os preços do petróleo tendem a cair em dezembro, o que pode afetar empresas como a Petrobras. Por outro lado, tensões geopolíticas podem oferecer alguma proteção.

Motivos para a Bolsa subir

  1. Pacote fiscal surpreender positivamente
    Com expectativas tão baixas, qualquer proposta fiscal razoável pode reacender o otimismo do mercado. Esse seria um dos principais gatilhos para uma recuperação. Esperamos um anúncio para esta semana. Então, fique ligado.

  2. Dividendos reinvestidos
    Estima-se que até o final do ano sejam pagos cerca de R$ 42 bilhões em dividendos pelas empresas listadas. Parte desse capital tende a ser reinvestido na Bolsa, gerando pressão compradora.

  3. Revisões positivas após temporada de resultados
    A temporada de balanços das empresas foi boa, com muitas superando expectativas. Isso pode levar a revisões para cima nos lucros esperados e, consequentemente, nos preços-alvo.

  4. Sentimento pessimista extremo
    O pessimismo extremo entre investidores geralmente marca momentos de inflexão no mercado. Quando o sentimento é tão negativo, qualquer sequência de boas notícias pode gerar um fluxo comprador e impulsionar as ações.

  5. Sazonalidade positiva no exterior e do minério de ferro
    Historicamente, novembro e dezembro são meses positivos para o mercado americano, o que pode influenciar o Ibovespa. Além disso, dezembro costuma ser um mês forte para o preço do minério de ferro, beneficiando empresas como a Vale.

E agora?

Com esses argumentos na mesa, qual é a sua opinião? O cenário que se materializará está mais para o positivo ou para o negativo? Eu hoje penso que há mais motivos para otimismo do que pessimismo, especialmente considerando que o mercado incorpora um cenário bastante negativo na precificação das ações e das taxas de juros futuras. No entanto, como sempre, o futuro é incerto e absolutamente ninguém tem capacidade de prevê-lo com consistência.

A melhor estratégia é manter-se bem informado, diversificar seus investimentos e não tomar decisões baseadas apenas no curto prazo. Afinal, como já dizia Warren Buffett, "o mercado é um mecanismo de transferência de riqueza dos impacientes para os pacientes".

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