Formado em engenharia civil pela Ufes, pós-graduado em Finanças pelo IBMEC-MG e com mestrado em Administração pela Fucape, geriu o clube de investimentos Investvix entre 2011 e 2015. É assessor de Investimentos na Valor Investimentos desde 2016

Os desafios do Brasil para retomar a confiança econômica

O país tem o potencial e os recursos para superar crise, mas isso exige liderança, visão estratégica e a implementação de políticas que conciliem responsabilidade fiscal e desenvolvimento econômico

O Brasil enfrenta, atualmente, um cenário econômico complexo, marcado por incertezas e desafios estruturais que comprometem a sustentabilidade do crescimento econômico. Desde o final de novembro, quando o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou, de forma atrapalhada, suas medidas destinadas a conter o aumento dos gastos públicos e combater a inflação, o estresse dos agentes econômicos é evidente, refletindo a ausência de medidas eficazes para enfrentar os problemas estruturais que afetam o país.

O mercado, que consiste em uma ampla rede de investidores, tanto nacionais quanto estrangeiros, não é um inimigo do governo, como por vezes pode parecer na narrativa política, mas sim um termômetro que sinaliza a necessidade de ajustes concretos e coerentes. A fuga de capitais estrangeiros e a valorização do dólar são sintomas claros dessa desconfiança.

Ademais, o governo parece tratar os desafios econômicos mais como questões políticas do que técnicas. As recentes entrevistas do ministro Haddad revelaram uma abordagem que prioriza o embate discursivo e as disputas políticas, em detrimento de soluções práticas. A retórica se sobrepõe à ação, o que é preocupante em um momento em que o Brasil precisa, urgentemente, de políticas capazes de atrair investimentos, estimular a confiança empresarial e promover a recuperação econômica sustentável. Sem essas iniciativas, a taxa de juros permanece elevada, a inflação persiste acima da meta e a economia continua patinando.

Outro ponto crucial é a expansão da dívida pública, projetada para atingir 82% do PIB até o final do governo Lula. Essa trajetória preocupa investidores e dificulta a redução da taxa de juros, já que o Banco Central é obrigado a manter uma política monetária restritiva para conter as pressões inflacionárias. Enquanto isso, a falta de investimentos em infraestrutura e produtividade limita o potencial de crescimento econômico de longo prazo.

O cenário para 2025 não é animador. A inflação elevada corrói o poder de compra das famílias, a popularidade do governo está em queda e a falta de uma agenda econômica clara e eficaz agrava o sentimento de incerteza. A falta de confiança no governo e na capacidade de implementar reformas necessárias para estabilizar a economia mantém os juros altos, desestimula investimentos privados e compromete o mercado de renda variável, afetando diretamente a atratividade do Brasil como destino de capitais.

O país precisa de um plano robusto, baseado em dados concretos e voltado para o enfrentamento dos problemas estruturais. Isso inclui a redução estrutural do déficit fiscal, a estabilização da dívida pública, a criação de um ambiente favorável ao investimento privado e o estímulo à produtividade. Somente com uma agenda coerente e focada em resultados será possível reconstruir a confiança do mercado, reduzir os juros e colocar a economia em um ciclo virtuoso de crescimento sustentável.

O Brasil tem o potencial e os recursos para superar esse momento difícil, mas isso exige liderança, visão estratégica e a implementação de políticas que conciliem responsabilidade fiscal e desenvolvimento econômico. Sem isso, o país corre o risco de prolongar um ciclo de estagnação que prejudica não apenas o presente, mas também as perspectivas futuras de milhões de brasileiros. O PT dá sinais claros que não aprendeu quase nada com a crise de 2015/2016, que nos brindou com a maior recessão da nossa histórica; segue repetindo os mesmos erros da ocasião, porém, nos dias de hoje, já não goza da mesma paciência do mercado e da sociedade e precisa mostrar medidas concretas para enfrentar a crise atual.

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