Nos bastidores do mercado financeiro global, uma dança sutil e complexa está em curso. De um lado, a economia robusta dos Estados Unidos, com seus indicadores positivos e crescimento vigoroso até aqui, acompanhado de uma inflação mais persistente do que o desejado. Do outro, os mercados emergentes, como o Brasil, observam atentamente cada movimento dessa coreografia econômica, mostrando-se suscetíveis aos movimentos da autoridade monetária americana.
Os Estados Unidos têm sido o epicentro dessa dança. O crescimento econômico acelerado, a queda do desemprego e o aumento dos investimentos criaram um ambiente otimista. No entanto, como em qualquer boa dança, há um contraponto: a inflação.
A inflação nos EUA tem se mantido em níveis elevados. Os preços de bens e serviços estão subindo, e o Federal Reserve (FED), o banco central americano, está atento. Para conter a inflação, o FED tem mantido em patamar elevado as taxas de juros. Isso torna os empréstimos mais caros, mas é uma medida necessária para evitar um descontrole inflacionário.
Aqui entra o Brasil e outros mercados emergentes. Quando os juros nos EUA sobem, os investidores olham com mais carinho para os títulos do Tesouro americano. Afinal, eles oferecem maior segurança e retornos atrativos. Esse movimento de capital para os EUA tem um efeito cascata.
O real brasileiro, por exemplo, fica mais fraco em relação ao dólar. Isso afeta os investimentos no Brasil. Empresas estrangeiras podem pensar duas vezes antes de investir aqui, e os ativos locais perdem atratividade. A saída de dinheiro do país também complica a gestão da dívida pública brasileira.
Desde dezembro, os dados de inflação nos Estados Unidos têm se mostrado piores do que as expectativas, levando o mercado a revisar negativamente suas projeções de início de corte dos juros pelo FED. Isso tem causado um impacto direto no mercado financeiro brasileiro.
Se as taxas de juros nos Estados Unidos ficam mais altas, nossos títulos do Tesouro também precisam pagar taxas elevadas para oferecer um prêmio de risco adequado e atrair investidores interessados em financiar nossa dívida. Com o Tesouro pagando mais juros, as empresas aqui também têm de pagar mais em suas dívidas, e para comprar ações o investidor exige uma taxa interna de retorno ainda maior. Isto desvaloriza no presente os títulos de renda fixa com prazos longos e as ações.
No noticiário diário, vemos muitos ruídos e tentativas de explicações de movimentos de curto prazo no mercado financeiro, a maioria ligando fatores internos à alta e baixa de ações ou ao movimento das taxas de juros longas. Mas na verdade, no momento, o que importa mesmo é a inflação americana. Caso esta dê sinais consistentes de que irá convergir para a meta de 2%, veremos um início de cortes de juros nos Estados Unidos e o reflexo positivo disso por aqui.
O cenário interno não é o mais animador é verdade, o Governo cria muita insegurança na área tributária e não demonstra compromisso claro com o controle das contas pública e de um uso mais racional do que é arrecadado com nossos impostos, mas no momento isto é secundário e não “faz preço”, todas as atenções seguem voltadas para os Estados Unidos, seus indicadores econômicos e no início do corte de juros pelo FED.
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