Junho termina com um certo grau de surpresa no mercado financeiro, afinal, quem no início do ano esperaria que, no país dos juros reais mais elevados do mundo, a Bolsa, representada pelo índice Ibovespa, superaria a renda fixa no período? Isso mesmo: 7,61% para o Ibovespa contra 6,44% do CDI. Se tomarmos o índice de empresas de menor capitalização, a diferença é ainda maior. O índice de Smallcaps rendeu mais que o dobro da renda fixa: 13,26%.
Importante ressaltar que o grosso do retorno na bolsa se deu do final de abril para cá. Tivemos fortes altas em maio e junho, mostrando que paciência é o nome do jogo. Quando o pessimismo reinava, os dados de inflação aqui no Brasil e no mundo melhoraram, indicando que o ciclo de juros em alta estaria finalizado. A partir daí, o que vimos foram as ações se valorizando com força.
O triste é ter visto o investidor pessoa física indo na contramão do movimento. Os fundos de ações amargaram resgates de R$ 37 bilhões no semestre, certamente com a maioria dos que resgataram saindo no prejuízo, logo antes de um forte movimento de valorização.
Já o dólar, que muitos indicaram no início do ano, em função do resultado das eleições e de todo ruído político como “porto seguro”, apresenta retorno negativo de 7,64%, o que não me espanta, visto que, em períodos de juros elevados no Brasil, o dólar em geral não apresenta força para valorização. Somos um dos maiores exportadores de juros do mundo e isso atrai capital externo, o que resulta em valorização do real.
Brilharam também no primeiro semestre o IFIX — que é a média dos fundos imobiliários negociados na B3, com alta de 10,05% — e o IMA — que é uma cesta de títulos de prazos variados do tesouro direto —, que valorizou 8,29%. Ou seja, quem ficou no conforto do CDI, da taxa Selic, nos CDBs e fundos de renda fixa tradicionais deixou dinheiro na mesa neste primeiro semestre.
O campeão de rentabilidade, depois de apresentar um período bem negativo, foi o bitcoin, que valorizou expressivos 65,58%, porém deixo aqui o alerta que os fundamentos dos criptoativos não são de fácil leitura e entendimento, sendo difícil para os leigos no assunto operarem a moeda digital. Logo, vale como diversificação para os mais arrojados terem algum capital alocado na classe, porém, com muita cautela e parcimônia, eu não recomendaria mais do que 5% do patrimônio exposto a risco tão elevado.
Vejam que tivemos um panorama um tanto inesperado neste primeiro semestre para as aplicações financeiras. Isso reforça a tese de que a diversificação é o único almoço grátis no mundo dos investimentos, ela te permite no longo prazo capturar o melhor de cada ciclo econômico, aumentando a sua chance de obter ganhos reais acima da inflação, o que deve sempre ser o seu grande objetivo, com risco controlado.
Precisamos nos render à realidade de que não temos a capacidade de prever qual será a bola da vez, ou o melhor investimento do próximo mês ou do próximo trimestre, devemos diversificar e realizar ajustes periódicos pontuais na nossa carteira de investimentos, este é o caminho mais seguro para a criação de riqueza.
Este vídeo pode te interessar
LEIA MAIS
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.