Fiz um levantamento na base de dados da Economática com o objetivo de descobrir qual teria sido a melhor aplicação financeira no Brasil no passado recente. O período observado foi dos últimos 9 anos, considerando que o ETF IVVB11, nosso campeão, começou a ser negociado na B3 nessa época e permitiu ao investidor brasileiro obter facilmente o retorno médio da bolsa americana, medido pelo índice SP500.
É importante ressaltar que os resultados mudam a cada período analisado, principalmente devido ao ciclo de taxa de juros no Brasil e nos Estados Unidos. Atualmente, estamos no fim de um ciclo de alta no Brasil, o que não é o momento mais favorável para os ativos brasileiros.
Os investimentos comparados incluíram títulos do tesouro direto, representados pelos índices IMA-B5 e IMA-B, os fundos imobiliários (IFIX), o Ibovespa (B3), o índice de Smallcaps (B3), e os índices setoriais do setor elétrico e financeiro (IEE) e (IFNC).
Os retornos médios anuais podem ser observados na tabela a seguir:
Todas as aplicações superaram a inflação que, no mesmo período, foi de 5,9% a.a. em média. No entanto, nem todas superaram o CDI, nossa opção de investimento com maior liquidez, que rendeu em média 9,0% a.a.
Algumas considerações precisam ser feitas: o IVVB11 é um índice dolarizado que se beneficiou do fortalecimento mundial do dólar americano no período e dos juros zerados praticados pelo FED desde a crise do subprime em 2018. Nos últimos dois anos, o retorno do IVVB11 foi próximo de zero, destacando que retornos passados não garantem retornos futuros.
Ao investir em renda variável, espera-se receber um prêmio de risco em relação à renda fixa, mas, em média, nossa Bolsa não entregou esse prêmio no período. É importante considerar que tivemos a pior recessão de nossa história entre 2015 e 2017 e, posteriormente, uma pandemia. No entanto, as ações mais estáveis e talvez mais seguras, do setor elétrico, conseguiram entregar esse prêmio e renderam acima do IMA-B
Vejam no gráfico, a seguir, o desempenho dos investimentos:
Muitos devem estar se perguntando: e os imóveis? Fui verificar no índice FipeZap a valorização dos imóveis residenciais aqui em Vitória e o retorno foi de 94,3% no período de 9 anos, em média 7,64%. No entanto, é importante ressaltar que essa análise não considera os aluguéis nem os custos de transação associados à compra e venda de um apartamento. Esses custos podem ser elevados.
Considerando uma média de 0,3% ao mês de aluguel (já descontando o imposto de renda), os 7,64% de retorno se tornariam 11,24%, caso não haja nenhuma vacância ou inadimplência no imóvel alugado. Mesmo assim, os imóveis não superaram o retorno da renda fixa medida pelo IMA-B no mesmo período.
É importante mencionar que Vitória teve um desempenho muito superior à média nacional, que obteve apenas 26% de valorização no preço de venda dos imóveis.
Mais uma vez, gostaria de alertar que desempenho passado não é garantia de desempenho futuro e que a janela temporal escolhida pode mostrar resultados diferentes. Ao se tomar uma decisão de investimentos, é importante também analisar o momento do ciclo econômico. Ativos de renda variável apresentam melhores retornos, conforme já exposto nesta coluna e momentos passados, quando a taxa Selic encontrava-se em movimento de queda, o que deve acontecer em breve no Brasil.
Importante atentar também que os juros compostos tornam qualquer ponto percentual relevante no longo prazo: quem aplicou R$ 1.000 na caderneta de poupança neste período de 9 anos obteve um montante de R$ 1.655, bem abaixo dos R$ 2.728 do IMA-B e dos R$ 3.019 do IEE. Logo, diversifique seus investimentos.
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