Um olhar para 2025: riscos, oportunidades e estratégias para o investidor

O sucesso no mundo dos investimentos não está apenas em prever tendências, mas em estar preparado para navegar tanto pelas águas calmas quanto pelas tormentas

Publicado em 06/01/2025 às 16h05
dólar, mercado financeiro, eua, investimentos
Para o investidor, empresas exportadoras, especialmente aquelas com receitas dolarizadas, podem ser uma boa alternativa para se proteger contra a volatilidade cambial. Crédito: Freepik

A economia brasileira e o cenário global caminham para 2025 com um misto de desafios e de otimismo cauteloso. Este é um momento em que o investidor precisa olhar além das manchetes e entender as dinâmicas que moldarão os mercados neste ano. Como já vimos em outros períodos, o sucesso no mundo dos investimentos não está apenas em prever tendências, mas em estar preparado para navegar tanto pelas águas calmas quanto pelas tormentas que podem surgir no caminho. Afinal, nossa capacidade de prever o futuro é muito limitada.

No Brasil, o quadro se apresenta complexo. A economia segue com um crescimento moderado, previsto em cerca de 2% para 2025. Isso reflete tanto a recuperação de setores resilientes, como o agronegócio, quanto as barreiras impostas por um ambiente de juros altos e incertezas fiscais. A Selic, que fecha 2024 em níveis elevados e deve seguir subindo em 2025, tem por objetivo frear a atividade econômica que hoje gera inflação, assim ela encarece o crédito, desestimula o consumo e limita os investimentos produtivos. Juros altos criam um paradoxo: oferecem oportunidades em renda fixa, mas também travam o crescimento econômico.

Enquanto isso, a fragilidade fiscal persiste como um dos maiores riscos ao cenário doméstico. O elevado endividamento público, combinado à ausência de reformas estruturais, mantém elevada a percepção de risco sobre o país. Esse contexto pressiona a moeda brasileira, que tem apresentado uma desvalorização significativa frente ao dólar, ultrapassando R$ 6,00. Essa dinâmica não só encarece os produtos importados, mas também aumenta a pressão inflacionária, afetando o bolso do consumidor. Estamos em uma situação delicada em que o Banco Central sobe os juros para conter a inflação, porém com isto ele alimenta o dólar que acaba gerando inflação.

No cenário internacional, as principais economias enfrentam seus próprios dilemas. Nos Estados Unidos, o Federal Reserve deve manter sua política monetária em uma posição cautelosa, buscando equilibrar o controle inflacionário com a necessidade de sustentar o crescimento econômico. O crescimento projetado de 2% reflete a resiliência de uma economia impulsionada pelo consumo interno e um mercado de trabalho robusto, mas ainda vulnerável a desacelerações. Na China, a desaceleração econômica é mais acentuada, com um crescimento estimado em 4,2%, marcado por desafios estruturais no setor imobiliário e esforços para reequilibrar sua economia em direção ao consumo interno. Já na Europa, o crescimento de 1,5% revela um continente lidando com crises energéticas, inflação elevada e tensões geopolíticas.

Para o investidor, 2025 será um ano de cautela e seletividade. No Brasil, empresas exportadoras, especialmente aquelas com receitas dolarizadas, podem ser uma boa alternativa para se proteger contra a volatilidade cambial, o investidor deve ser seletivo ao se expor a ações e principalmente deve ter visão de longo prazo. Os preços estão atrativos, porém podem assim ficar por vários meses. Empresas de saneamento, energia e commodities têm se mostrado opções defensivas nestes momentos de incerteza.

Ao mesmo tempo, o mercado de renda fixa continua atrativo, especialmente para investidores que buscam estabilidade. Títulos indexados ao IPCA e CDBs atrelados ao CDI são exemplos de instrumentos que oferecem retorno competitivo no atual cenário de juros elevados.

Internacionalmente, a diversificação é uma estratégia essencial para mitigar os riscos locais e capturar oportunidades em mercados globais. A exposição a ativos dolarizados, ETFs internacionais e setores ligados à tecnologia e inovação são caminhos para equilibrar o portfólio e potencializar retornos em um ambiente de incerteza. E, claro, não podemos esquecer do papel dos ativos defensivos, como ouro e fundos cambiais, que oferecem proteção adicional em momentos de volatilidade.

Em 2025, os altos juros reais da renda fixa oferecem um porto seguro ao investidor, no entanto aquele com foco no longo prazo e na construção de renda passiva podem ter uma oportunidade única de construção do seu portfólio. Não será um ano para improvisos, mas para estratégias bem fundamentadas e diversificadas. Como sempre, o mercado recompensará aqueles que estiverem preparados para os desafios e atentos às oportunidades. E, acima de tudo, é um momento de se lembrar que, mesmo nos cenários mais complexos, há espaço para crescer e prosperar. Afinal, como bem sabemos, é nos momentos de maior incerteza que surgem as melhores oportunidades para quem está pronto para aproveitá-las.

A Gazeta integra o

Saiba mais
Investimentos Mercado Financeiro André Motta

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.

A Gazeta deseja enviar alertas sobre as principais notícias do Espirito Santo.