Conforme discutido anteriormente neste espaço, o Brasil enfrenta atualmente uma bomba-relógio previdenciária, devido à nossa demografia e à falta de crescimento estrutural da economia. A maioria da população não está ciente disso e não sabe calcular quanto receberá ao se aposentar, muito menos compreende o montante necessário para economizar e alcançar esse objetivo. Resolvi apresentar um exemplo prático aqui, que pode esclarecer um pouco as coisas.
Suponhamos uma pessoa de 40 anos, empregada com carteira assinada, que já contribuiu com o INSS pelo teto de 5 salários de referência por 12 anos, considerando que trabalhará até os 65 anos (idade mínima), contribuindo pelo teto durante todo o período.
Pelas novas regras da previdência, a fórmula para o cálculo do benefício é a seguinte:
- (60% + 2% por ano que ultrapassar 20 anos de contribuição - mínimo requerido) x média atualizada das contribuições.
No nosso caso, serão 37 anos de contribuição, resultando em 17 anos que superam os 20, o que acrescentará um adicional de 34% aos 60% iniciais, totalizando 94%.
Mesmo contribuindo por 37 anos, a pessoa não terá direito a 100% do benefício; portanto, sua renda pelo INSS será de 94% x R$ 7.786,22, o teto do INSS hoje, resultando em um benefício de R$ 7.319,00 (bruto). Como esse teto é corrigido pelo INPC anualmente, assim como as contribuições, não precisamos nos preocupar aqui com o efeito da inflação; em 25 anos, o teto provavelmente estará acima dos R$ 30.000,00 com as correções.
Agora, suponhamos que, para manter seu padrão de vida, essa pessoa precise de uma renda, nos valores atuais, de R$ 12.000,00; logo, ela precisará complementar o benefício do INSS com R$ 4.680,00 por mês. No entanto, aqui precisamos considerar a inflação futura, para termos uma renda aos 65 anos com o mesmo poder de compra atual.
Considerando uma inflação de 6% ao ano, os R$ 4.680,00 seriam equivalentes a R$ 19.227,00 - isto pode parecer um número alto, mas a perda do poder de compra pela inflação em 25 anos pode ser brutal. Para efeitos de cálculo, vamos arredondar o número para R$ 20.000,00; esses valores devem ser obtidos com uma poupança de longo prazo, como um plano de previdência privada.
Usando o simulador da Susep, no portal gov.br, com as tábuas atuariais atuais, seriam necessários, em valores nominais aos 65 anos de idade, R$ 4.850.000 depositados em um VGBL para convertê-lo em uma renda aproximada de R$ 20.000,00 por 30 anos. Quanto será preciso então poupar para obter essa quantia em 25 anos?
Tomando a taxa média do CDI dos últimos 10 anos, temos 0,7% de juros ao mês; por 300 meses (25 anos x 12 meses), teremos uma necessidade de poupança mensal de R$ 4.777,00.
Tenho certeza de que o número assusta, afinal, alguém que hoje tenha uma renda e pague suas contas com R$ 12.000,00 terá que dispor de um extra e poupar quase R$ 5.000 por mês, o que é bastante, mas uma consideração importante precisa ser feita: a conversão do patrimônio em renda pela seguradora do plano de previdência não usa uma fórmula muito favorável ao beneficiário, que pode optar por simplesmente resgatar o valor aos poucos em vez de efetivar a conversão de renda.
O VGBL ou PGBL são excelentes instrumentos de poupança de longo prazo pelos benefícios tributários e não devem ser abandonados por causa disso.
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Meu objetivo aqui é acender o alerta. Se você ainda não começou a poupar, quanto mais cedo, melhor. Se, em vez de 25 anos no nosso exemplo, tivéssemos 30 anos, os R$ 4.777 se reduziriam para R$ 3.000; logo, não é cedo para se preocupar com isso. Quanto antes procurar um profissional para auxiliá-lo com seu planejamento de aposentadoria, melhor. Seu futuro depende disto!
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