Intuitivamente, todos nós sabemos o princípio básico da economia: gerir escassez. Desde o útero materno, as células se multiplicam e o corpo do bebê cresce na velocidade apropriada para adaptação do corpo materno. O espaço uterino é pequeno e não aguentaria, de um dia para o outro, ter um bebê pronto para nascer. É uma magia da natureza. Assim é na infância, na adolescência e na vida adulta. O volume de conhecimento e de experiências seria demais para um cérebro não amadurecido e plenamente formado.
A Educação Financeira é 1/4 da Cidadania Finaceira e está dentro de um ramo chamado Finanças, que pertence às Ciências Econômicas. Mas adivinha só? A economia é tão diária que se faz presente mentalmente e materialmente em diversos cursos superiores (se depender de mim, será obrigatória em todos os cursos).
Dentro do curso de Aministração, se faz presente do início até o fim, desde a Introdução à Economia, passando por Economia Brasileira e chegando até Administração Financeira e Orçamentária. Quando escolhi o curso, imaginava um foco gerencial, mas me surpreendi com a quantidade de horas dedicada às Ciências Econômicas. O gerenciamento de risco faz parte de qualquer profissão e, para isso, sempre há a análise da escassez.
Dessa forma, refaço a pergunta do título: é possível fazer bons investimentos sem ser economista? Sim! Com certeza! Mas sem o senso de economia jamais! Quando opta-se por investir em algo, sempre se abre mão de outro algo.
Vamos avançar para um exemplo? Se você decidir investir R$ 135,88 no Tesouro Direto Selic 2026 (valor de referência do dia 03/08/2023), você abrirá mão desse mesmo valor em outra situação. Poderia ser uma calça, três blusinhas básicas, quatro combos de um sanduíche com refrigerante e batatas fritas, três pizzas, uma ida ao cinema com direito a pipoca e outras guloseimas.
Lembro que aos meus 18 anos, para iniciar minha caderneta de poupança com uma renda de estagiária de R$ 180, troquei vários jantares por sanduíche e aguentei as aulas à noite sem reclamar. Valeu a pena? Com a idade de 18 anos e plena forma mental e física, com certeza valeu cada centavo. Ter iniciado minha reserva de emergência com meu próprio salário e sozinha foi sensacional!
A consciência para fazer esse "sacrifício" veio de uma vivência de educação financeira com minha mãe, desde pequena ela me levava à Caixa, tirava o extrato, enchia o gerente de perguntas e investia nem que fosse um pouquinho. Esses passeios em bancos com a explicação que ela podia oferecer na época me conscientizaram desde criança. Uma dona de casa sem curso superior me ensinou muito mais do que qualquer curso que já fiz.
Educação financeira se aprende paulatinamente e diariamente. É dever dos pais, dos avós, dos vizinhos, da escola, do bairro, da cidade, do governo, do país. É responsabilidade de todos. Há anos, praticamente só existia a poupança para as classes C, D e E. Hoje, há uma infinidade de produtos, mas, em resumo, todos eles são renda fixa.
Só existem duas vias de investimentos: renda fixa ou renda variável. Para os iniciantes e para os de perfil conservador não há dúvidas: renda fixa. Só que, dentro desse conjunto de investimentos de renda fixa, há vários subconjuntos que, com as informações gratuitas e abudantes da atualidade, com certeza, não é a poupança.
Cada um de nós carrega a essência das Ciências Econômicas, gerimos o tempo todo o custo de oportunidade. Nosso cérebro calcula intuitivamento quanto perdemos ao deixar de aplicar em um investimento de baixo risco para fazer outros empenhos; pode ser uma ação, um fundo multimercado, um fundo imobiliário, um terreno, um apartamento, uma viagem, casar, aceitar um novo emprego, mudar de cidade, comprar um carro, emprestar para um familiar ou, simplesmente, deixar parado em conta corrente.
Sempre se perde algo para alcançar novas coisas. A importância é ter consciência, saber do que se abre mão para adquirir ou não outro item. Não é possível afirmar que você é investidor sem a mínima tentativa de domínio sobre a razão, por mais sentimentos que estejam o todo tempo envolvidos.
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