A importância da diversificação não é vista em momentos de alta do mercado, porque, na alta, enxerga-se o que se deixa de ganhar caso a aposta fosse toda naquele investimento ganhador da carteira. Essa importância é vista nos momentos de baixa, quando se visualiza o que não foi perdido.
Portanto, anote aí: diversificação = proteção e oportunidade.
No momento de alta, chamado de “Bull Market” (referência ao touro que ataca de baixo para cima), temos euforia aguçada pelo efeito manada, por isso a modulamos com a Análise do Perfil de Investidor (API). No momento de baixa, chamado de “Bear Market” (referência ao urso que ataca de cima para baixo), temos um questionamento se é oportunidade ou se é hora de realizar prejuízo; daí vemos mais uma vez a importância da API. No pânico, revise se suas respostas mudaram. Na dúvida, releia suas respostas e veja se você foi sincero nas suas respostas anteriormente.
Tudo isso é fundamental para períodos turbulentos, como o da pandemia, por exemplo. Ao contrário de eventos como peste bubônica, febre espanhola, Primeira e Segunda Guerras Mundiais, tivemos um evento em solo brasileiro: a Covi-19 entrou em nosso país. Foi algo completamente novo para todos nós. É fundamental não acreditar em nenhum "vidente" de internet, em nenhum vizinho com "bola de cristal". Os fatos se dão no acontecimento.
Então, primeiramente, avalie: você tem reserva de emergência? Segundo, possui capital de giro? Qual a sua idade? Possui herdeiros? É casado? É solteiro? Tem boa saúde? Possui sonhos de montar um negócio próprio? Onde você se vê daqui a 30, 20 ou 10 anos? Menos disso, se não enxerga nada: renda fixa.
Tenha metas, mas com data. Nem tudo o que você acha que é longo prazo, o é de verdade. E seja sincero com você mesmo, não minta nem para sua sombra, nem para sua família.
Presencio crises desde a infância e atuei de perto no setor financeiro em várias delas, principalmente na H1N1 e no subprime; com isso, posso dizer, independentemente do percentual de ganho ou de perda, que as maiores derrocadas foram de clientes que perderam a saúde, que passaram mal, quase infartaram, resgataram na baixa e choraram.
Havia aqueles que mantinham a calma e compravam mais. Conheci também os que nada alteraram, nem compraram e nem venderam posições, pelo contrário, ouviam muito e falavam pouco, eram determinadíssimos em suas estratégias, sem acreditar em “magos” do mercado.
É com esse terceiro grupo que vale a pena o aprendizado. Invista de acordo com o seu perfil e com o tamanho e a necessidade da sua família. Nesse terceiro grupo, havia empresários, médicos, servidores públicos, assalariados, professores, aposentados. Homens e mulheres arrimos de família ou não. Os perfis eram variados, mas todos eles tinham um nível de autoconhecimento muito grande e todos — todos! —, tinham reserva de emergência.
Use o seu ponto forte para sustentar o seu ponto fraco e tome as decisões de acordo com a sua capacidade de resistir ao improvável. Não adianta ter dinheiro para comprar mercadorias se não estiverem disponíveis para serem compradas. Analise tudo: o pior e o melhor cenário.
Se o improvável não acontecer, que bom! Se acontecer, o abalo será menor. É como ter um porão preparado para resistir à energia nuclear. Não é bom ficar em um porão, mas é melhor do que morrer ou ter sequelas graves. A linha de raciocínio é forte mesmo. Quantas guerras e pestes já presenciou? Pergunte a seus avós, seus pais, seus professores. Revisite o passado e associe com o conhecimento que tem hoje.
Agora é hora de pegar a caneta e revisar quem você é, o que você aguenta e o que não aguenta. Se você chegar à conclusão que não está a fim de acompanhar notícias e nem pensar sobre isso, tenha renda fixa e ponto! CDBs de boas instituições, Tesouro Direto Selic e bons Fundos DI — leia-se de emissoras, administradoras e gestoras boas, com baixa taxa de administração. Assim, evita-se a destruição de patrimônio e com um crescimento constante, embora pequeno.
Se a sua tolerância é maior, talvez seja a hora de construir patrimônio de uma forma um pouco mais agressiva. Mas lembre-se sempre que o primeiro passo para construir um patrimônio é não perder, não destruí-lo.
Este vídeo pode te interessar
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.