Começar um artigo de opinião com a pergunta do título deste texto demonstra o viés desta educadora financeira, que acredita que investimento é para todos. E a resposta é: "Sim!"
Ter uma cidadania financeira plena e feliz vai muito além de diploma, de certificação e de conhecimento. O que iguala o leigo e o especialista é o comportamento. Os estudos e as qualificações são importantes para criar normas e regras. Parâmetros são essenciais para criar a ética própria de um mercado tão sensível, como é o mercado financeiro.
O “certo” e o “errado” são pratos de uma balança que é acionada a todo momento. Quando fazemos comparações entre o leigo e o especialista em termos de resultado financeiro, mesmo sem todos os predicados citados acima, o leigo muitas vezes supera. Por quê?
Porque a paciência financeira é um comportamento que pode ser exercitado, treinado e aprimorado. É assim que se consolida o hábito, pela disciplina e pela persistência. Fazer o certo mesmo quando estamos sem vontade. E, muitas vezes, isso é adquirido na humildade, na ausência de conhecimento. O leigo age com mais cautela por saber de sua limitação. Isso é autoconhecimento e sabedoria.
O dinheiro está presente em todas as etapas da vida. Conhecer o estado atual e planejar o estado a ser alcançado possibilita ter qualidade em todas essas etapas.
'Ciclo da Vida'
Você, leigo ou profissional, que lê esse artigo deve fixar bem o conceito de “ciclo de vida” e alinhá-lo ao seu Perfil de Investidor. Pensar, sonhar e planejar sua situação para o amanhã, para daqui a 10 anos ou para daqui a 50 anos não é um aval para esquecer o hoje. O ciclo de vida abrange todos os ciclos. Hoje, como você se encontra; o amanhã, do jeito que estará; e o futuro, que você pode planejar.
Resultado positivo nas finanças exige paciência, prática e constância. Muitas vezes, um especialista faz movimentos muitos rápidos e perde as ondas de entradas e de saída. Ou tenta surfar todas e perde a que mais pontua. Geralmente, um leigo tem mais poder de observação.
Quanto tempo você precisa para ler um livro? Já li um livro em um dia, mas não em uma hora, e o conteúdo era de ficção científica. Mas para ter essa agilidade de ler mais de 300 páginas em menos de 24 horas, quantas palavras, frases, parágrafos, textos, artigos, livros precisaram ser lidos antes, desde a infância? A proficiência vem do fazer atrás do fazer.
- Quanto tempo você precisa para fazer um curso?
- Quanto tempo um bebê precisa para aprender a andar?
- Quanto tempo a mágoa demora para sarar?
- Quanto tempo a água leva para ferver?
- Quanto tempo você precisa para formar sua reserva de emergência?
- Quanto tempo você precisa para compor seu patrimônio?
- Quanto tempo você precisa para dormir?
- Quanto tempo é necessário para florir?
Não importa a resposta; sem conhecimento, sem dedicação, sem constância e sem cuidado, a planta morre antes da primavera chegar.
Tenha paciência e amor ao seu dinheiro. Conheça a sua origem, os impostos que incidem sobre ele, o efeito tempo, o efeito juros compostos e todos os débitos. Regue tudo com o conhecimento histórico, o conhecimento prático, o conhecimento teórico e, principalmente, com a sabedoria adquirida na humildade de um leigo.
Ame! Não idolatre! Os idólatras de bens materiais sofrem a cada necessidade de usar a Reserva de Emergência, se apegam desesperadamente a investimentos básicos por medo de perder, não dão oportunidade de o dinheiro florir em seu máximo potencial — ele dá somente uma florzinha quando poderia dar dezenas. Isso acontece ou por desconhecimento ou por preguiça.
Não adianta endeusar o dinheiro, prendê-lo em uma caixinha de vidro em cima de um altar e prestar-lhe reverência, ele não vai ouvir, escutar e processar o que almeja. O dinheiro não aceita esse posto porque não é essa sua natureza e nem sua razão de existir. É como a massa de pão, gosta de ser trabalhado, amassado, sovado, colocado para descansar e depois ser deliciado.
Água parada estraga; dinheiro parado é corroído pela inflação e perde momentos de necessárias mudanças.
Não precisa ser um leigo o resto da vida, mas não tenha vergonha se o é hoje. Não menospreze os especialistas, mas, quando se tornar um, não esqueça que muitos já perderam para leigos. Vivência, sabedoria e experiência: três coisas que devem ser crescentes e que só vêm com o bendito tempo.
Não queremos ter emergências, mas, se acontecer, minha intenção é que você esteja preparado, porque dedicou tempo para aprender que tudo ficará bem: sua planta irá florir! O leigo por aprender e o especialista devem lembrar que é melhor um pássaro na mão do que dois voando.
Este vídeo pode te interessar
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.