Quando estamos pensando em investimentos, a dúvida que logo nos vem a cabeça é renda fixa ou variável. A escolha muitas vezes é feita por um mix dos dois tipos de investimento, com a proporção de cada um sendo definida pelo perfil do investidor. A próxima decisão é escolher os investimentos disponíveis, entendendo quais são aqueles que mais se encaixam nos objetivos do investidor.
Essa é uma tarefa que pode ser um pouco mais árdua para o investidor pessoa física que tem menos contato cotidiano com os termos e jargões do mercado financeiro. Na coluna desta semana, meu objetivo é discutirmos os instrumentos emitidos pelo Tesouro e por bancos disponíveis para renda fixa e de que forma podemos compará-los.
É importante entender que qualquer papel de renda fixa é um título de dívida, e a diferença é em quem está emitindo, o que vai ter uma implicação no risco do ativo. Tesouro Direto é emitidos pelo Tesouro Nacional e quem está contraindo a dívida é o governo federal. É visto como o ativo menos arriscado disponível no mercado financeiro nacional.
CDB, LCI e LCA são títulos emitidos por bancos e a diferença entre eles está no objetivo da emissão. CDB tem como foco captar recursos para financiar as atividades gerais dos bancos. LCI e LCA são emitidos para capitalizar instrumentos de crédito voltados para o setor imobiliário e agropecuários, respectivamente. Essas três modalidades estão protegidas pelo fundo garantidor de crédito, o que reduz o risco.
Depois de entendermos os tipos de investimentos de renda fixa disponíveis, é importante entender os três tipos de rentabilidade: pré, pós e hibrida. Investimento prefixado tem a rentabilidade definida no momento da emissão do título, como um Tesouro prefixado 2027 pagando 11,98% a.a.. Quando falamos de pós-fixado, a rentabilidade é definida com algum indicador que referencia o título, como uma LCI que paga 92% do CDI. A rentabilidade hibrida é uma composição das duas anteriores e tem um componente pré e outro pós, como uma debênture RUMOA3 com rentabilidade IPCA+3,9%.
Para poder comparar os investimentos, primeiro precisamos entender o Imposto de Renda. LCA e LCI são isentos de IR e, por isso, a rentabilidade é líquida. Tesouro Direto e CDB pagam de acordo com a tabela retroativa que vai de 22,5% para investimentos com prazo inferior a 180 dias até 15% para superiores a 720 dias. Se estivermos comparando dois investimentos prefixados, basta pegar a rentabilidade do ativo que paga imposto e multiplicar por (1-aliquota) para comparar com o ativo isento.
Por exemplo: o Tesouro prefixado 2031 com rentabilidade de 12,28% para um investimento acima de 720 dias tem rentabilidade líquida de 12,28%x(1-0,15)=10,44%. Por outro lado, se for uma rentabilidade pós-fixada, podemos fazer uma estimativa com o índice referência atual.
Suponha dois títulos: LCI e CDB que paguem 92% do CDI e prazo de investimento acima de 720 dias. No caso do CDB, precisamos descontar o IR, então teremos 92%x(1-0,15) = 78,2% do CDI. Como a LCI é isenta de IR, a rentabilidade já será 92% do CDI, que hoje está em 10,4% a.a.. O CDB vai render 10,4%x0,782 = 8,13% e a LCI vai render 10,4%x0,92 = 9,57% a.a..
Suponha agora o título Tesouro IPCA 2029 com rentabilidade IPCA + 6,37%. O IPCA 12 meses está hoje em 4,23%. Dessa forma o título terá uma rentabilidade bruta de ((1+0,0637)x(1+0,0423))-1= 10,87% e descontando 15% de IR fica em 9,24%.
Assim, conseguimos comparar os diversos títulos de renda fixa e suas rentabilidades. Os cálculos foram feitos em 30 de julho de 2024 com títulos que não pagam cupons. Essa coluna não está fazendo sugestões de investimento, mas somente discutindo exemplos de cálculos de rentabilidade.
Este vídeo pode te interessar
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.