Felipe Storch Damasceno é economista com mestrado e doutorado em Administração e Contabilidade. É professor de Economia e pesquisador dos impactos sociais e econômicos de políticas públicas. Também é consultor, palestrante e comentarista na CBN Vitória

ES deve atrair investimentos sustentáveis com gestão de área costeira

Implementação do Zoneamento Ecológico-Econômico Costeiro (ZEEC) no Estado funcionará como um catalisador para novos empreendimentos ao oferecer um mapeamento detalhado de áreas potenciais para diferentes setores econômicos

Publicado em 06/03/2025 às 11h04
Situado no Litoral Sul do Espírito Santo, o balneário de Ubu, em Anchieta, destaca-se por suas praias de águas calmas e cristalinas
O ZEEC é um instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente que atua na organização territorial. Crédito: Divulgação/Prefeitura Municipal de Anchieta

O Zoneamento Ecológico-Econômico Costeiro (ZEEC) representa um instrumento fundamental de planejamento territorial para Estados litorâneos como o Espírito Santo. Essa ferramenta estratégica possibilita a organização racional do uso e ocupação do território costeiro, conciliando o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental em uma das regiões mais dinâmicas e sensíveis do país.

A implementação do ZEEC no Espírito Santo estabelecerá um marco normativo claro e objetivo para todas as atividades econômicas na zona costeira. Essa definição precisa sobre quais atividades podem ser desenvolvidas em cada área e sob quais condições cria um ambiente de previsibilidade fundamental para investidores e empreendedores.

Atualmente, a ausência de regras claras e a sobreposição de competências entre diferentes órgãos governamentais gera um cenário de incerteza jurídica que frequentemente resulta em conflitos, embargos de projetos e judicialização. O ZEEC permitirá superar esses entraves ao fornecer diretrizes inequívocas para o licenciamento ambiental, reduzindo significativamente os riscos legais e regulatórios para os investimentos. A segurança jurídica proporcionada pelo zoneamento agilizará processos de licenciamento, diminuirá custos de transação e permitirá um planejamento de longo prazo tanto para o poder público quanto para a iniciativa privada.

Assim, um território com regras claras e estáveis torna-se naturalmente mais atrativo para investimentos. O ZEEC do Espírito Santo funcionará como um catalisador para novos empreendimentos ao oferecer um mapeamento detalhado de áreas potenciais para diferentes setores econômicos. Além disso, possibilitará a identificação de zonas prioritárias para expansão de infraestrutura logística, crucial para o desenvolvimento regional.

O zoneamento também definirá áreas adequadas para o desenvolvimento do turismo sustentável, setor com grande potencial no Estado. Complementarmente, proporcionará a delimitação de regiões para expansão urbana ordenada, evitando a ocupação desordenada e seus impactos negativos. Por fim, trará clareza sobre áreas de preservação que devem ser mantidas intocadas, garantindo a proteção dos ecossistemas costeiros ao mesmo tempo em que orienta o desenvolvimento para áreas apropriadas.

Essa estruturação do território permitirá direcionar investimentos para áreas compatíveis com suas características, evitando conflitos de uso e otimizando o potencial econômico de cada região costeira. Setores estratégicos como o portuário, petrolífero, turístico e imobiliário terão seus espaços claramente demarcados e regulamentados. A implementação pioneira do ZEEC pelo Espírito Santo, antecipando-se aos Estados vizinhos, representa uma significativa vantagem competitiva regional.

Esse pioneirismo pode trazer benefícios concretos como:

  1. Atração prioritária de investimentos: Empresas e grupos econômicos que buscam expandir suas operações na região Sudeste tenderiam a priorizar o Espírito Santo pela previsibilidade e segurança oferecidas pelo zoneamento.
  2. Posicionamento estratégico: O Estado se posicionaria como referência em planejamento territorial costeiro sustentável, destacando-se no cenário nacional.
  3. Antecipação na resolução de conflitos territoriais: Ao delimitar previamente os usos do território, o Espírito Santo evitaria impasses que ainda afetam Estados vizinhos, tornando seus processos mais ágeis.
  4. Melhor preparação para captação de recursos: Um território ordenado e com diretrizes claras tem mais facilidade para acessar financiamentos nacionais e internacionais voltados ao desenvolvimento sustentável.

A experiência mostra que os primeiros a implementarem marcos regulatórios eficientes tendem a estabelecer padrões que influenciam toda a região. O Espírito Santo poderá, assim, liderar um processo de ordenamento territorial que posteriormente será seguido por outros Estados costeiros.

O Zoneamento Ecológico-Econômico Costeiro representa, para o Espírito Santo, muito mais que um instrumento técnico de gestão territorial. Configura-se como uma ferramenta estratégica capaz de promover segurança jurídica, atrair investimentos sustentáveis e posicionar o Estado à frente de seus vizinhos no desenvolvimento ordenado de sua zona costeira.

A implementação do ZEEC será, portanto, não apenas uma medida de planejamento ambiental, mas um diferencial competitivo com potencial para impulsionar o desenvolvimento econômico estadual nas próximas décadas, criando um círculo virtuoso onde a preservação ambiental e o crescimento econômico se fortalecem mutuamente.

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