As mudanças nas regras de financiamento imobiliário anunciadas pela Caixa Econômica Federal na quarta-feira, 16 de outubro, têm o objetivo de ajustar o cenário de crédito no Brasil, especialmente diante da volatilidade econômica e da necessidade de controlar riscos financeiros. A Caixa, que detém 70% do mercado de financiamentos imobiliários no país, implementou novas condições para os sistemas de amortização, exigindo maior participação financeira dos compradores e limitando o valor de imóveis financiáveis.
Entre as principais mudanças, destacam-se a redução da cota de financiamento no sistema SAC de até 80% para 70% e, no sistema PRICE, de até 70% para 50%, além de limitar o valor máximo do imóvel aceito como garantia em R$ 1,5 milhão. Essas medidas aumentam a necessidade de entrada para os compradores, impactando diretamente aqueles que dependem de crédito para aquisição de imóveis. As alterações no crédito imobiliário afetam significativamente o setor, que é uma das peças-chave da economia brasileira.
No segundo trimestre de 2024, o setor da construção civil teve um desempenho notável, com um crescimento de 3,5%, superando a alta do PIB nacional, que foi de 1,4% no mesmo período. Esse avanço foi impulsionado por fatores como o aumento da atividade no mercado de trabalho e as novas condições do Programa Minha Casa, Minha Vida. O crescimento é atribuído a fatores como o dinamismo do mercado imobiliário, que teve aumento de 5,7% nos lançamentos de imóveis e 15,2% nas vendas.
Além disso, foram criados cerca de 200 mil novos empregos no setor entre janeiro e junho de 2024. O segmento atingiu a marca de quase 3 milhões de trabalhadores com carteira assinada, o maior patamar em uma década. Durante os primeiros quatro meses de 2024, foram criadas cerca de 159 mil vagas formais, destacando-se como um dos setores mais ativos no mercado de trabalho, especialmente para os jovens entre 18 e 29 anos, que ocuparam 45% dessas vagas.
A construção civil desempenha um papel crucial no Produto Interno Bruto (PIB) do Espírito Santo em 2024, sendo um dos principais motores de desenvolvimento econômico do Estado. Esse setor tem sido responsável por impulsionar a infraestrutura urbana e o mercado imobiliário, especialmente em cidades como Vitória e Vila Velha, onde novos projetos residenciais e comerciais têm sido desenvolvidos em larga escala. Estima-se que represente cerca de 6% a 7% do PIB do Espírito Santo em 2024, contribuindo significativamente para o crescimento econômico e para a geração de empregos.
Esse impacto é amplificado pela demanda de grandes obras de infraestrutura, como rodovias e empreendimentos habitacionais, que têm sido prioridades tanto para o governo estadual quanto para investidores privados. Além disso, o setor também estimula outras cadeias produtivas, como a indústria de cimento, aço, cerâmica e equipamentos, ampliando ainda mais sua contribuição ao PIB.
A importância da construção civil para a economia capixaba também se reflete no mercado de trabalho. Em 2024, o setor ajudou a criar milhares de empregos, diretos e indiretos, sustentando famílias e promovendo o crescimento das economias locais. A construção civil foi um dos segmentos mais dinâmicos na recuperação econômica pós-pandemia, com novos projetos de infraestrutura e um mercado imobiliário aquecido, principalmente em função do crédito habitacional ainda disponível.
Esse setor tem sido vital não apenas para o crescimento econômico, mas também para o desenvolvimento urbano e a melhoria das condições de habitação no estado, colaborando diretamente com a expansão das cidades e a qualidade de vida da população.
No entanto, o impacto dessas mudanças pode ser duplo. Por um lado, ajuda a conter a inflação do setor, já que as condições de crédito mais rígidas tendem a esfriar a demanda por imóveis. Por outro lado, pode desacelerar o crescimento do setor imobiliário, o que teria efeitos adversos na geração de empregos e no desenvolvimento de novos empreendimentos, especialmente em regiões que dependem da expansão imobiliária para impulsionar o crescimento econômico. As novas regras visam maior segurança financeira, mas também apresentam desafios para os compradores e o mercado imobiliário como um todo, afetando tanto a economia nacional quanto a capixaba.
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