Felipe Storch Damasceno é economista com mestrado e doutorado em Administração e Contabilidade. É professor de Economia e pesquisador dos impactos sociais e econômicos de políticas públicas. Também é consultor, palestrante e comentarista na CBN Vitória

Os setores da economia sensíveis à seca e as implicações para a inflação e PIB

Compreender os impactos da seca nos setores mais suscetíveis da B3 é crucial para políticas de mitigação e adaptação

Publicado em 25/09/2024 às 15h44

A Bolsa de Valores brasileira, a B3, é um reflexo da economia nacional, e suas oscilações estão, muitas vezes, atreladas a fatores climáticos e naturais. Entre esses fatores, estão os períodos prolongados de seca, que podem ter um impacto significativo, especialmente, em três setores específicos: agronegócio, energia e insumos.

O agronegócio brasileiro é um dos principais motores da economia, contribuindo significativamente para o Produto Interno Bruto (PIB) e a geração de empregos. No entanto, a dependência de condições climáticas favoráveis torna esse setor extremamente vulnerável a períodos de seca. A estiagem pode reduzir drasticamente a produção agrícola, afetando a oferta de produtos como soja, milho e café. Quando a produção diminui, os preços dos alimentos tendem a subir, elevando a inflação e reduzindo o poder aquisitivo da população. Além disso, a falta de produtos pode aumentar a necessidade de importações, impactando negativamente a balança comercial.

Produção de grãos, soja, agronegócio, agricultura
Produção de grãos, soja, agronegócio, agricultura. Crédito: Reprodução/Site CNA

O setor de energia, especialmente a geração hidrelétrica, também está muito sensível aos períodos de seca. No Brasil, cerca de 60% da eletricidade gerada vem de usinas hidrelétricas. Em anos de seca prolongada, os reservatórios ficam com níveis baixos, levando à necessidade de acionar usinas termelétricas, que são mais caras e poluentes. Isso não só eleva os custos de energia, refletindo-se nas tarifas pagas pelos consumidores, mas também coloca pressão adicional sobre a inflação. A alta nos custos de energia pode afetar a competitividade das indústrias, impactando o crescimento do PIB.

Os insumos, que incluem fertilizantes e pesticidas, são fundamentais para a produção agrícola. A escassez de água durante períodos de seca pode levar a um aumento na demanda por insumos que compensam a falta de umidade, elevando assim os custos de produção. Quando os custos dos insumos aumentam, isso se reflete não apenas nos preços dos produtos finais, mas também na margem de lucro dos agricultores. O aumento dos custos pode levar a uma redução na formação de capital e no investimento no setor, impactando em última análise o PIB.

As implicações de períodos prolongados de seca sobre a inflação são diretas: a escassez de produtos agrícolas e aumento dos custos de energia e insumos elevam os preços, pressionando a inflação para cima. Isso é especialmente crítico em uma economia como a brasileira, onde os índices de preços ao consumidor já são voláteis.

Quando a inflação aumenta, o poder aquisitivo das famílias diminui, levando a um esfriamento do consumo. A redução do consumo é um dos principais motores do crescimento econômico, e sua desaceleração pode resultar em um PIB estagnado ou até mesmo em recessão. Portanto, a sensibilidade da B3 a esses setores em épocas de seca não apenas compromete a rentabilidade das empresas listadas, mas também tem repercussões para a economia como um todo.

Em conclusão, compreender os impactos da seca nos três setores mais suscetíveis da B3 é crucial para políticas de mitigação e adaptação. A diversificação das fontes de energia, a gestão eficiente dos recursos hídricos e o investimento em tecnologias agrícolas são ações fundamentais para enfrentar os desafios impostos por eventos climáticos adversos e garantir um crescimento econômico sustentável.

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