Se olharmos atentamente para o mercado financeiro em 2022, diríamos que o ano não foi fácil. Vejamos: a taxa de juros americana chegou aos 5%; a Europa ainda vive sob o espectro da guerra; a taxa Selic, por aqui, chegou próxima dos 14% e a eleição presidencial foi decidida por uma margem ínfima entre os candidatos, a menor dentre todas as disputas.
Diante de um cenário desse seria de se esperar um ano difícil para a economia brasileira e para os preços dos ativos, correto? Não, pelo contrário. O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu acima do esperado, as pressões inflacionárias começam a diminuir e o Real foi uma das poucas moedas que se valorizou frente ao dólar.
Em 2023, o Brasil provavelmente continuará sendo destaque. Eis alguns pontos para levar em consideração: está longe das tensões geopolíticas, sempre se beneficia dos altos preços das commodities e da reabertura da China, além se ser uma das economias mais verdes do mundo.
Quando o assunto é Renda Fixa, juros e inflação são dois assuntos extremamente relevantes no momento de fazer os investimentos nessa classe de ativos. Quem decide a taxa básica de juros (Selic) no Brasil é o Comitê de Política Monetária (Copom) e em sua última reunião o comitê fez a manutenção da Selic, em 13,75%.
Além disso, o mercado aponta expectativas e projeções de que os juros permaneçam acima de 13% ao longo de todo o ano e nos anos seguintes também, devido aos elevados desafios fiscais. É, nesse sentido, que as taxas esperadas pelo mercado são o ponto de partida para os rendimentos dos títulos de renda fixa. Taxa elevada, espera-se mais um ano de protagonismo da Renda Fixa, com retornos interessantes.
Por aqui, o Congresso promulgou a PEC da Transição. O Senado validou, em dois turnos, as mudanças que foram promovidas pela Câmara dos Deputados na terça-feira (20/12). A versão final prevê a elevação do teto de gastos em R$ 145 bilhões, somente no exercício de 2023, além de liberar investimentos em até R$ 23 bilhões decorrentes de receitas extraordinárias, ou seja, custo fiscal total de até R$ 168 bilhões. Os custos fiscais apesar de elevados, estão em linha com o mercado.
Os títulos atrelados ao IPCA são boas alternativas de prazo médio a longo para proteção contra a inflação nos próximos anos. É possível que deva continuar alta, ou seja, acima da meta do Banco Central. Para que a proteção se concretize, no entanto, é preciso manter o ativo até a data de vencimento.
Mais voláteis, os títulos prefixados devem continuar a apresentar taxas elevadas, acima do que foi visto em 2022. O contexto pode ser visto como uma boa oportunidade, porém é preciso cautela em relação ao tamanho da alocação. Afinal, são estes os ativos mais sensíveis às oscilações de cenário macroeconômico antes do vencimento do ativo.
Tanto para ativos prefixados quanto IPCA+, o prazo deve ser levado em consideração: o ideal é escolher prefixados entre dois a três anos de vencimento e títulos de inflação com prazo médio (duration) de até 5 anos.
A diversificação será, como sempre, fundamental. 2023 parece ser um cenário de boas oportunidades para o Brasil e para a Renda Fixa, mas que não virá sem esforços na direção de uma política econômica e fiscal saudáveis.
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