Dentro de casa, entre cônjuges, o assunto finanças talvez seja um dos mais importantes. Uma boa relação com o dinheiro é essencial para a gestão das necessidades e responsabilidades da vida, ainda mais quando isso envolve outras pessoas que vivem sob o mesmo teto.
Os casos recentemente divulgados da cantora Naiara Azevedo e da apresentadora Ana Hickmann colocaram luz sobre este problema que, com certeza, é de muitas outras mulheres e, por que não, também de homens, filhos, e quaisquer pessoas que constituam uma família.
A violência patrimonial pode ser definida como ações que impedem uma mulher de ter controle sobre as próprias finanças, sendo alijada das decisões e tendo acesso limitado a recursos econômicos e bens a que ela tem direito. Nos casos citados, o patrimônio em questão foi majoritariamente constituído pelas mulheres que estão sendo impedidas, ou seja, elas não conseguem gerir os próprios recursos oriundos de sua atividade profissional.
Cabe lembrar que a violência patrimonial não tem a ver com o fato de que um cônjuge possa ter mais controle sobre as finanças do que outro, por uma questão combinada entre ambos. O problema é que haja dentro de um casamento um rico e um pobre, principalmente quando o “pobre” é quem tem a renda mais significativa.
Quando uma pessoa enriquece e sobe de patamar no âmbito financeiro, isso traz diversas comodidades e facilidades, mas também outro nível de responsabilidade. Há ônus e bônus, e se engana quem pensa que a vida de indivíduos de alta renda é simples. Não é nada simples, e quão mais rica a pessoa for, mais complicado fica, principalmente no que tange à gestão do patrimônio e das questões legais que inevitavelmente vão aparecer, inclusive assuntos ligados à família e à sucessão.
Existem algumas orientações que podem ajudar neste caso, acompanhe:
1 – Converse sobre finanças no início do relacionamento
Deixar esse assunto para depois é um erro. Entre as inúmeras afinidades que precisam surgir entre um casal para constituírem uma família, finanças é uma delas. Sobre separar contas, sobre o que será dividido, sobre filhos, carreira, contas de banco, investimentos, tudo isso precisa ser conversado antes. Lá na frente, afinidade nas finanças será fundamental, o que não significa que os dois precisam tem renda parecida. Mas os objetivos sempre serão comuns, independentemente da renda de cada cônjuge. Se for um casamento com comunhão parcial, por exemplo, o patrimônio constituído dentro da união já é 50% de cada um.
Se não existe maturidade para conversar sobre esses assuntos, talvez não exista maturidade para se constituir uma família. Isso, de certa forma, não depende da idade porque pessoas novas podem ser muito maduras, enquanto as mais velhas podem não estar preparadas para estabelecer uma relação financeira saudável com outra pessoa.
2 – Leia os contratos
Não delegue a responsabilidade de tomar conhecimento das coisas a um terceiro, e isso vale para qualquer relacionamento que envolva dinheiro. Se você for hipossuficiente para se informar sobre questões legais, tenha um advogado de confiança, que até pode ser um para o casal, desde que haja essa harmonia entre ambos.
E procure se informar dos detalhes, principalmente em relação a contratos. A vida de pessoas que têm patrimônio elevado envolve diversas questões legais, não tem jeito. Podemos afirmar que bons contratos, bem redigidos e justos, melhoram relações. Por outro lado, a falta de bons contratos é o que abre brechas para problemas e litígios. As coisas e assuntos importantes precisam estar no papel.
3 – Aprenda
Quão maior for o patrimônio, e maior for a sua representatividade e importância dentro da vida de determinada pessoa, mais necessidade ela tem de conhecer sobre finanças. Enriquecer e continuar a não saber nada sobre dinheiro são coisas muito conflitantes, e certamente vão gerar problemas no futuro. A melhor forma de ver o seu dinheiro bem cuidado, mesmo que seja por outras pessoas, é entender sobre o que está acontecendo, principalmente em relação a investimentos, a dívidas, orçamento familiar e bens. Delegar não é deixar de acompanhar, e para isso é necessário adquirir conhecimento.
4 – Contrate uma consultoria
Existem diversos tipos de profissionais que podem ajudar, desde o consultor ou planejador financeiro, até advogados especializados e gestoras de patrimônio. Custa dinheiro? Sim, não existe serviço grátis. Mas, se for uma consultoria de qualidade, valerá cada centavo.
5 – Tenha acesso
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Parece óbvio, mas em caso de violência patrimonial, não é. Tenha as senhas, acesse extratos, olhe relatórios, busque informações. Vá ao gerente do banco ou da corretora, acompanhe o dia a dia. Principalmente se a renda for sua, e não do cônjuge, esteja presente e no controle dos acessos, independentemente do combinado entre vocês. Mesmo que o cônjuge seja o principal operador das transações, você precisa estar junto. Sempre.
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