Administrador de Empresas (UERJ), pós-graduado em Engenharia Econômica (UERJ), certificado CFP® e Ancord. 21 anos de carreira no mercado financeiro, com passagens pelo atendimento Private, Alta Renda, Gestora de Recursos, Tesouraria e Educadoria Corporativa. Desde 2018, sócio da Pedra Azul Investimentos, escritório de assessoria de investimentos sediado em Vitória-ES.

Desenrola: entenda o que está em jogo para fazer uma boa renegociação

Para quem está com o nome negativado, vale saber como aproveitar a oportunidade de forma positiva para quitar as dívidas

A iniciativa do Ministério da Fazenda, de desenvolver um programa para regularizar a situação dos brasileiros que têm restrições de crédito, o famoso “nome sujo”, foi promessa de campanha de um candidato derrotado nas eleições presidenciais de primeiro turno absorvida pela chapa vencedora na negociação de apoio no segundo turno.

Isso não qualifica ou desqualifica a proposta, mas é preciso saber que não existe mágica. O desenrolar do programa vai pedir sacrifício de ambos os lados e nem tudo serão flores para aqueles que aderirem às propostas de renegociação.

Com defasagem do IR, há casos de pessoas que terão de devolver o valor do auxílio emergencial
Negocie bem e não se comprometer com um parcelamento que seja difícil de pagar. Crédito: Freepik

Na primeira etapa, serão retiradas as restrições das pequenas dívidas, de até R$ 100. Quem tiver dívidas não pagas e for beneficiado pelo Desenrola Brasil passará a ter o nome limpo. No entanto, a dívida continuará existindo, pois apenas a publicidade junto aos cadastros de crédito será retirada. Cabe lembrar que nenhuma instituição financeira é obrigada a conceder crédito e, em outras palavras, obter empréstimo não é direito.

Na verdade, trata-se também de uma escolha ou uma concessão do credor, que sempre fará uma análise do devedor para tomar a decisão de emprestar ou não. E dificilmente uma instituição que deixou de receber o pagamento do empréstimo concedido fará uma nova concessão para a mesma pessoa, mesmo que ela passe a ter o nome limpo por conta do programa.

Dessa forma, será válida a ação de baixa das pequenas restrições para aqueles que aproveitarem a oportunidade para realizar novas operações, com outras instituições, cuidando para que, dentro de suas possibilidades, tenham um comportamento de bom pagador. Certamente, haverá pessoas que vão usar o nome limpo para tomar novos empréstimos e não pagar, mas isso será o efeito indesejado do programa e um grande desperdício.

Já na segunda etapa, devedores com renda de até R$ 20 mil por mês devem procurar as instituições participantes e sentar para negociar. Isso não é novidade, pois os bancos geralmente abrem alternativas para reestruturar dívidas não pagas, mas o programa tem o mérito de dar publicidade a esse tipo de negociação e buscar criar boa vontade em ambas as partes para que cheguem a um consenso.

No entanto, lembre-se que você vai precisar entrar em acordo com o banco e isso inclui eventual desconto na dívida, prazos mais dilatados de pagamento e taxa de juros baixa, que viabilize a operação. É importante negociar bem e, antes de qualquer coisa, não se comprometer com um parcelamento que seja difícil de pagar.

Não adianta renegociar e gerar outra dívida tão complicada quanto a primeira, por isso, a dica é pedir o máximo desconto e as melhores condições de pagamento, até que realmente se torne algo viável. Se tiver condições de quitar à vista, com desconto máximo, será o melhor dos mundos.

De qualquer forma, é importante dizer que, ao obter desconto da dívida (que em alguns casos pode chegar a 90%), mesmo que você pague tudo que foi acordado na renegociação e seu nome fique limpo, aquela instituição que concedeu o desconto pode não querer mais lhe conceder crédito, e isso é do jogo.

Como falamos, a concessão de crédito é uma decisão do credor, a partir da análise do devedor e da operação proposta, e ele não é obrigado a emprestar. De qualquer forma, você com nome limpo pode encontrar alternativas em outras instituições financeiras para tomar crédito novamente.

Na terceira etapa, devedores que tenham renda de até 2 salários mínimos ou sejam inscritos no CadÚnico com dívidas de até 5 mil reais terão acesso a um programa de negociação com cadastro através do Gov.br. Como esta etapa está prevista para setembro deste ano, é preciso aguardar um pouco mais para saber o que será ofertado ao devedor.

Alguns bancos estenderam a campanha de renegociação para dívidas que estão fora do programa Desenrola, de pessoas físicas ou jurídicas, portanto é importante ficar atento a eventuais oportunidades.

Para concluir, é essencial que as pessoas pensem o crédito como alternativa para a realização de sonhos e antecipação de necessidades, e não como um criador de problemas futuros. Mesmo que imprevistos possam acontecer na vida de todo o mundo, é preciso que haja responsabilidade ao tomar empréstimos e financiamentos.

No Brasil, os juros são altos e isso tem diversos motivos, mas entre eles está a alta inadimplência. Em um futuro próximo, iremos evoluir de forma que o histórico de crédito tenha ainda mais peso na facilidade de obtenção de empréstimos e financiamentos, inclusive com forte influência na taxa de juros concedida, como já ocorre em países mais desenvolvidos. Portanto, cuide do seu CPF e do seu histórico, e procure se comprometer sempre dentro das suas reais possibilidades.

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