Administrador de Empresas (UERJ), pós-graduado em Engenharia Econômica (UERJ), certificado CFP® e Ancord. 21 anos de carreira no mercado financeiro, com passagens pelo atendimento Private, Alta Renda, Gestora de Recursos, Tesouraria e Educadoria Corporativa. Desde 2018, sócio da Pedra Azul Investimentos, escritório de assessoria de investimentos sediado em Vitória-ES.

Inflação de 0,47% em maio: copo meio cheio ou meio vazio?

O mercado ficou dividido com o número fechado do IPCA para o mês de maio de 2022. Entenda melhor como isso afeta a sua vida

Era esperado um IPCA de 0,60% para o mês de maio de 2022. No entanto, o número de 0,47% divulgado pelo IBGE na quinta-feira, dia 9 de junho, surpreendeu o mercado e gerou reações conflitantes.

O tema da inflação é muito importante para o nosso dia-a-dia. Com os problemas ocasionados pela pandemia e posteriormente pela guerra na Ucrânia, os preços dispararam. Primeiramente, de forma assimétrica, puxados pelas commodities. Agora, muito disseminado por toda a economia.

Inflação alta não só desestabiliza e prejudica a economia no médio e longo prazo, mas também corrói a renda das famílias no curto prazo, principalmente das classes mais baixas. Há quem defenda uma política monetária condescendente com um pouco de inflação, sob a alegação de que isso estimula o crescimento.

Na verdade, inflação provoca no curto prazo uma dinâmica para a economia que parece um “vôo de galinha”, mas o preço acaba sendo caro e rapidamente a inflação cobrará essa conta, refletindo em queda de produtividade e de competividade e aumento da desigualdade social.

Copo meio cheio ou meio vazio
Copo meio cheio ou meio vazio. Crédito: Pngtree

OTIMISMO

No caso do IPCA de Maio, analistas mais otimistas comemoraram um índice mais baixo do que o esperado e menor do que o que tem sido observado há muitos meses. Também houve uma alta bastante modesta dos preços de alimentação em domicílio, em que pese o fato de que os alimentos já estavam muito caros. Esse item é talvez o mais importante do índice IPCA, pois interfere diretamente na questão da segurança alimentar, da fome e da miséria.

Mas o destaque de baixa foi a queda no item Habitação, puxado pelo fim da cobrança extra no contexto da bandeira Escassez Hídrica. Esse item contribuiu, sozinho, para 0,26% de queda no IPCA de Maio, o que é muito significativo. Trata-se, portanto, de um item não-recorrente, ou seja, não há expectativa de que haja novo impacto negativo ligado à queda da energia nos próximos meses.

PESSIMISMO

Por outro lado, analistas mais pessimistas observam que, retirando do índice a queda ligada ao fim da bandeira de Escassez Hídrica, ainda teríamos um IPCA bem salgado.

O item Vestuário subiu 2,11% no mês, puxado por roupas e calçados. As passagens aéreas subiram 18,33%, impactando o item Transportes (1,91%), e ainda temos o problema da defasagem no preço da gasolina, se formos comparar com os preços internacionais. Uma bomba esperando a hora para explodir.

O acumulado em 12 meses agora está em 11,73%, que configura uma inflação elevada. É certo que há muita inflação “importada”, já que até países desenvolvidos estão experimentando o mesmo fenômeno. Mas os efeitos negativos para a economia são implacáveis e não consideram de onde a inflação vem.

As instituições financeiras passaram o dia revisando o IPCA 2022 para baixo. Também reavaliaram os rumos da taxa SELIC, que em caso de diminuição na alta de preços poderia cair com mais rapidez.

No entanto, o problema da inflação alta está longe de terminar e talvez uma SELIC nos patamares atuais não tenha força para, sozinha, resolver o problema. No Brasil, a força inercial da inflação é muito grande, ou em outras palavras, em terras tupiniquins inflação alta no presente já contrata mais inflação alta no futuro, seja por conta da indexação da economia, seja pelo nosso complicado passado inflacionário, ainda presente na memória de muitos brasileiros.

É importante que o IPCA retorne para mais próximo da meta do Banco Central, mas não vai ser fácil nem rápido. Ainda vamos sentir na pele os efeitos de toda a desestabilização econômica que começou com a epidemia de Covid-19 e ainda insiste em se perpetuar por mais tempo do que gostaríamos.

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