Um dos indicadores mais importantes da nossa economia, o PIB – Produto Interno Bruto – foi divulgado ontem pelo IBGE, com crescimento de 1% para o 1° trimestre de 2022, contra o 4° trimestre de 2021. O consenso dos analistas era de um número ligeiramente maior, de 1,2%, mas cabe ressaltar que o IBGE revisou os dados do trimestre anterior em 0,2% para cima, aumentando a base. Um PIB mais robusto significa, de uma forma geral, mais renda, mais empregos e maior bem-estar para a população.
Essa alta foi puxada principalmente por Serviços e em seguida pelo Comércio, ambos setores que haviam sido duramente castigados durante o período de pandemia. O retorno à (quase) normalidade vem contribuindo para isso, mesmo que existam algumas ameaças de retorno das restrições por conta do aumento de casos de Covid-19 em alguns estados.
Um dos fatores que anteciparam essa maior movimentação da economia foi o aumento na arrecadação de impostos, que totalizou 195 bilhões de reais em abril, em que pese o fato de que os combustíveis têm parcela importante neste número, devido ao aumento do petróleo.
Até pouco tempo, o relatório FOCUS apontava crescimento menor que 1% para o ano de 2022. As instituições financeiras já estão revisando esse número para cima, mesmo que de forma bastante modesta. No entanto, as perscpectivas do mercado para o PIB de 2023 e 2024 ainda são muito pessimistas.
Para os investidores, é importante entender que a Bolsa e o PIB têm uma grande correlação. Como o mercado de ações antecipa os movimentos econômicos, podemos observar que o retorno do Ibovespa reflete as perspectivas de crescimento econômico dos anos seguintes.
Se pensarmos o Ibovespa como um somatório dos retornos de diversas ações, podemos afirmar que este também reflete a soma de todas as expectativas de crescimento e lucro para cada uma das empresas que compõem o índice, algo que se realizará dentro da economia real e terá consequências para o crescimento econômico.
O fato é que existe, neste momento, um cenário de incertezas. Não só pela proximidade das eleições no Brasil, mas também pelo cenário geopolítico conturbado e pelas dificuldades causadas pela pandemia, das quais ainda não nos recuperamos, e que incluem a inflação elevada ocasionada pela quebra das cadeias produtivas.
Por conta desse cenário, a Bolsa brasileira está barata na comparação histórica, com índice preço/lucro muito abaixo da média. A perspectiva de crescimento econômico baixo nos próximos anos certamente contribui para isso. As taxas de juros mais altas também diminuem a atratividade dos investimentos mais arriscados.
Fundos imobiliários estão bastante descontados, oferecendo yields altos, inclusive em fundos de “tijolo”, refletindo o custo de oportunidade mais alto e as perspectivas mais pessimistas. As taxas de juros longas estão também acima da média, principalmente dos títulos de inflação.
Pra quem quer se posicionar com visão de longo prazo, e deseja aproveitar os preços historicamente baixos e os bons prêmios em diversas classes de ativos, é um bom momento. O mercado hoje reflete um sentimento ruim em relação ao Brasil e ao mundo, com diversas incertezas no radar que acabam por penalizar os preços, o que não significa que seja uma precificação justa. É sempre possível que haja distorções e assimetrias, e é nesse momento que aparecem as oportunidades para que se obtenham os melhores retornos.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.