Administrador de Empresas (UERJ), pós-graduado em Engenharia Econômica (UERJ), certificado CFP® e Ancord. 21 anos de carreira no mercado financeiro, com passagens pelo atendimento Private, Alta Renda, Gestora de Recursos, Tesouraria e Educadoria Corporativa. Desde 2018, sócio da Pedra Azul Investimentos, escritório de assessoria de investimentos sediado em Vitória-ES.

Selic a 13,75%, mas até quando? Mercado discute previsão de queda

Desde que o Banco Central parou de elevar a nossa taxa básica, o mercado discute quando ela deve começar a cair

Taxa Selic
Taxa Selic. Crédito: Shutterstock

A subida da Taxa Selic para os atuais 13,75% era necessária para ajudar a combater a inflação. Estamos vivendo um fenômeno inflacionário que foi alimentado por diversos fatores externos. No momento, ainda estamos importando inflação do resto do mundo. Mesmo que a subida do IPCA tenha origem externa, o ajuste da taxa básica foi importante para limitar a inércia inflacionária, que é a contaminação da inflação futura pela inflação passada.

Para o cálculo da taxa Selic ideal, o Banco Central olha, principalmente, o IPCA projetado para o futuro, e calcula que nível de juros reais serão necessários para convergir a inflação para a meta. Pensando dessa maneira, o IPCA projetado para o ano de 2023 pelo Relatório Focus é de 5,02%, e com uma taxa Selic estável de 13,75% teríamos algo como 8,5% de juros reais, patamar altíssimo mesmo para o Brasil. Fica óbvio que a taxa precisa cair ao longo do próximo ano.

A discussão é quando isso começará, e em que ritmo. Se olharmos para as taxas futuras de juros, o mercado já entende que os juros básicos cairão. O próprio relatório Focus prevê Selic de 11,50% ao final de 2023.

Nas projeções mais recentes, esperava-se que a taxa começasse a cair em março de 2023, mas há riscos para que isso se torne realidade.

O primeiro risco é que a inflação acelere, ou deixe de ceder no nível esperado. O IPCA de outubro foi um exemplo disso, porque veio em um nível bastante salgado, passado o impacto da desoneração dos combustíveis.

Outra ameaça é que a inflação externa continue pressionada, mas neste ponto, o FED (Banco Central Americano) tem sido mais agressivo e vem elevando a taxa básica por lá. Nos Estados Unidos o aumento da taxa básica tem um efeito muito grande sobre a economia (maior que por aqui), e espera-se que a inflação americana desacelere.

O último risco, mas não menos importante, é o fiscal. O atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, tem externado em algumas falas a preocupação que o descontrole nas contas públicas possa trazer impacto para a expectativa de juros. Elevação de gastos sem contrapartida em impostos tem efeito inflacionário, pois acaba sustentando a demanda sem aumento de produtividade. E na hipótese da situação sair um pouco do controle, o país pode perder credibilidade e ver o dólar subir, retroalimentando a inflação.

Ainda teremos Selic alta por um tempo. Quem é conservador nos investimentos acaba ganhando com isso, mas no médio e longo prazo uma taxa básica alta não é algo bom para a economia. O ideal é que a Selic caia e se consolide como uma taxa de curto prazo (e somente isso). Estando a inflação controlada e a taxa Selic no nível adequado, o mercado consegue precificar de forma racional os demais ativos mais longos, facilitando o planejamento do investimento privado de longo prazo na economia real, tão essencial para o crescimento econômico.

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