As taxas dos Títulos Públicos dispararam nos últimos dias. Uma dúvida comum do investidor iniciante é compreender as oportunidades e riscos ao se investir por meio do Tesouro Direto.
Para o governo prestar serviços públicos para a população, necessita-se de muito dinheiro. Esses recursos possuem várias fontes: o Estado cobra impostos, explora seu próprio patrimônio ou atividade econômica por meio de estatais e toma empréstimos junto a entidades internacionais. Ele — o Estado — também financia suas atividades através de recursos de pessoas físicas e jurídicas, que emprestam dinheiro ao governo. É justamente aí que aparece o Tesouro Direto.
Lançado pelo governo federal para facilitar o acesso das pessoas “comuns” aos Títulos Públicos, a ideia principal do Tesouro Direto reside na capitalização estatal por meio de seus cidadãos, que emprestam seu dinheiro para o ente público, mediante o recebimento de uma taxa (prefixada, pós-fixada ou que remunere acima da inflação). Trata-se de um investimento em renda fixa tradicional, simplificado e acessível (já não se exige valor mínimo para investir no Tesouro Direito).
Quando se empresta dinheiro a alguém, algo que preocupa o credor é se o dinheiro emprestado será pago no prazo previsto e com as taxas contratadas. Quer dizer, qual o nível de solvência do devedor? No caso do Título Público, o risco da operação está atrelado à saúde financeira do governo na data do vencimento daquele título.
Poderia o governo dar um calote em seus credores e não pagar o que deve? Em tese, essa é sempre uma possibilidade (independente de quem está à frente do Poder Executivo), mas costuma-se dizer que este é um risco reduzido. Afinal, se o governo emite papel moeda, em tese seria preferível fazê-lo a simplesmente não pagar os credores e paralisar a máquina pública. Por isso, na prática, considera-se que emprestar dinheiro ao governo é uma operação segura e conservadora.
E, em tempos de polaridade política, é bom esclarecer que não é o presidente A ou B que toma o empréstimo. A dívida contratada é sempre do Estado brasileiro e, ainda que um determinado governo lance títulos e capte o dinheiro hoje, o cumprimento daquela obrigação (pagamento da dívida) caberá ao Estado brasileiro na data futura, independente de quem estiver à frente do Poder Executivo federal. Por exemplo, um governo de esquerda pode ter que pagar uma dívida contratada por um governo de direita, e vice-versa.
Mas e a rentabilidade? Justamente por contar com menor risco (risco soberano), os retornos de títulos públicos costumam ser menores que aqueles que podem ser contratados em produtos de renda fixa tradicionais, mas cujo emissor possua mais risco de crédito que o governo.
Logo, bancos, financeiras e empresas privadas em geral, que necessitam captar recursos no mercado, costumam oferecer maior rentabilidade por meio dos produtos que emitem (CDB, LCA, LCI, LCD, LF, CRA, CRI, etc.). Essas empresas remuneram mais o capital do investidor por uma lógica de mercado: não fosse assim, se oferecessem taxas iguais aos títulos públicos, as pessoas prefeririam emprestar ao governo, dado ao risco menor.
Uma dúvida corriqueira é se os títulos do Tesouro rendem mais que a poupança. A resposta é um sonoro SIM! Enquanto a poupança entrega 0,5% ao mês + TR, sem garantia que renderá nem ao menos acima da inflação, o Tesouro Selic, por exemplo, rende o equivalente à Selic do período (atualmente em 12,25% ao ano). Descontados os impostos sobre os rendimentos (ao contrário da poupança, os rendimentos obtidos pelos títulos públicos estão sujeitos a imposto de renda), os títulos públicos ainda terão rendido mais que a poupança por uma margem robusta.
Uma vantagem dos títulos públicos sobre a renda fixa “privada” é a liquidez. Enquanto um CDB de um banco tradicional pode deixar o investimento “preso” até o seu vencimento, os títulos do Tesouro podem ser negociados antes de seu prazo, pela mesma plataforma do Tesouro Direito, por exemplo. Contudo, essa antecipação precisa ser bem avaliada, pois poderá implicar em ágio (bonificando o investidor) ou mesmo deságio (penalizando-o), de acordo com as condições de mercado.
Por fim, o investimento no Tesouro pode ser feito tanto pela plataforma do Tesouro Direto (www.tesourodireto.gov.br) quanto por meio de bancos tradicionais e corretoras, sem a necessidade de se abrir uma conta específica para que se faça o investimento. Não há custos envolvidos na operação (como taxas de administração, performance ou de corretagem), embora exista uma taxa de custódia de 0,20% ao ano, independente da instituição financeira escolhida pelo investidor para a compra dos títulos.
No próprio site do Tesouro, há uma verdadeira enciclopédia sobre tudo que envolve os títulos públicos. É uma fonte confiável de informação, atualizada pelo Tesouro Nacional, onde são detalhados desde os conceitos básicos até o procedimento para investir. É uma ótima porta de entrada para se investir melhor, o que pode ser uma boa proposição financeira e educacional para o novo ano. Boas festas e que, em 2025, você faça bons investimentos!
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