Autocontrole e comprometimento. A mitologia grega tem um grande exemplo de como isso acontece. O herói Ulisses, depois de ter vencido a guerra de Troia, passa por inúmeras provações. Uma delas é a sua passagem pela Ilha das Sereias.
Sabendo que seria tentado pelo belo canto das ninfas, Ulisses tampou os ouvidos de seus homens e ordenou-lhes que o amarrassem ao mastro impedindo que ele cedesse e acabasse jogando-se ao mar. Seduzido pelas sereias ele implorou que o soltassem, mas sua tripulação não podia ouvir.
O que salva Ulisses da morte não é sua capacidade de resistir à tentação, mas a consciência de que falharia. Assim como Ulisses, há indivíduos que possuem maior consciência das tentações e falhas de autocontrole, que são chamados de sofisticados.
Esses indivíduos, assim como o herói grego, têm maior engajamento com mecanismos de comprometimento, minimizando a possibilidade de errarem ou caírem em tentações no momento que ocorrem.
Há também indivíduos com pouca ou nenhuma projeção das tentações futuras, para os quais ações decomprometimento ou conscientização não seriam aplicáveis.
De todas as nossas decisões, as que tomamos em relação ao dinheiro são provavelmente as que mais demandam autocontrole e comprometimento. Após muitas investigações e análises comportamentais, uma coisa está clara: pensamos no dinheiro de forma no mínimo curiosa.
O fato da decisão envolver números sugere que devemos tratar a matéria como uma decisão para ser resolvida com o poder de cálculo mental. Fazer a conta pode até ser simples. Mas não estamos fazendo somente uma conta, estamos tomando uma decisão que envolve diversos fatores.
Por fim, tomamos as decisões financeiras com as mesmas ferramentas com as quais decidimos tantas outras coisas na nossa vida. Não temos um sistema decisório específico para aquelas que implicam dinheiro. A escolha por detrás da conta sempre terá consequências sobre a nossa vida.
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