O ciclo de alta da taxa básica de juros (Selic) iniciado em 2021 obrigou os investidores a rebalancearem as carteiras. Ato contínuo, a migração do fluxo financeiro foi parar na renda fixa. Contudo, este fato não deve interromper a diversificação dos portfólios que já se observa no Brasil.
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Somente para trazer alguns números substantivos: em 2021, a Selic saiu da menor taxa histórica (2%) para finalizar o ano em 9,25%. Neste mesmo ano a renda fixa atraiu R$ 215,2 bilhões, ou seja, maior captação líquida desde 2002.
Quando ocorrem mudanças no potencial de retorno e, simultaneamente, no avanço do risco, é compreensível que os investidores mudem também de humor e realoquem seus recursos. Por exemplo, um investidor novato na Bolsa ou que tinha alocado parte dos recursos em ações começou a ter um pouco mais de desconforto com a volatilidade que tem ocorrido nos últimos meses no mercado.
A perspectiva de controle da inflação por parte do Banco Central deve continuar ao longo de 2022. Uma boa sinalização foi a reunião do Copom na semana passada. Em outras palavras, é normal que a atratividade em renda fixa vá aumentar, dado que seus produtos têm sido melhores do que no passado e o risco percebido nos outros produtos aumentou.
O que tem acontecido é muito mais uma realocação tática do que estrutural. Segundo dados do Valor Econômico, com a saída do risco, a renda fixa acabou recuperando participação na indústria, passando de 36,2% do bolo para 37,1%.
A fatia em fundos de ações diminuiu de 10,1% para 8,4%, interrompendo um ciclo de ampliação que se via desde 2017. No total, o patrimônio dos fundos cresceu 12,7%, a R$ 6,9 trilhões.
Outros dados importantes que corroboram à tese inicial de que a diversificação é o melhor caminho a seguir: enquanto a renda fixa liderou a captação com folga, os multimercados receberam R$ 59,6 bilhões, um decréscimo de 43% em relação ao fluxo observado em 2020.
Dados da Anbima demonstram que os fundos de ações encerraram com entrada líquida de apenas R$ 200 milhões, depois de R$ 73,3 bilhões no ano anterior. O segundo semestre mostrou uma reversão de tendência, com resgates de R$ 3,6 bilhões nas carteiras dedicadas à bolsa e de R$ 31,5 bilhões nos fundos mistos.
Apesar da migração do fluxo financeiro ir para a renda fixa, olhar para outras classes de ativos sempre será um trunfo na mão do investidor que deseja reduzir as incertezas pelas quais passamos.
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