É sócio e assessor da Valor Investimentos. É engenheiro ambiental e pós-graduado em Controladoria e Finanças pela Fucape

Carteira diversificada: o 'último almoço grátis' no mercado financeiro

A diversificação de ativos continua sendo a chave para investir com segurança, rentabilidade e tranquilidade, mesmo diante das incertezas do mercado

Vitória
Publicado em 25/07/2024 às 09h46

Em meados de 2019, aproximadamente seis meses antes da pandemia, lembro-me de que a economia e as bolsas ao redor do mundo estavam em um momento de "céu de brigadeiro". Tudo corria bem e não havia nada de errado à vista, era como navegar em águas tranquilas, sem a percepção dos riscos iminentes.

Por esse motivo, fui procurado diversas vezes pelos investidores para aumentar a parcela de risco da carteira, pois a renda fixa já não remunerava tão bem e o risco parecia valer a pena.

Nesse mesmo ano, participei de um evento em que um dos investidores mais acompanhados do mundo e co-fundador da Oaktree Capital Management, Howard Marks, ensinou-me uma das lições mais valiosas do mercado financeiro.

Marks afirmou, naquele momento, que a diversificação de carteira é o "último almoço grátis do mercado". Essa expressão me marcou profundamente, tanto é que, após quase 5 anos, resolvi comentar aqui sobre essa lição: a diversificação de ativos como meio de proteger e potencializar nossos investimentos.

Todos os dias recebo clientes que dizem: “Já aprendi que não se pode colocar todos os ovos em uma cesta só”. Na teoria, parece fácil, mas a prática não é tão simples assim. Vou explicar o motivo.

Para ilustrar melhor, vejamos o gráfico abaixo. Ele nos mostra como foi a performance no ano de alguns indicadores de mercado. Esses indicadores são: USD BRL (Dólar x Real), Debentures Index (Índice de debêntures), Hedge Fund Index (fundos multimercados com gestão ativa), IMA B (Tesouro IPCA +), IBOV (Índice Ibovespa), SMLL (Índice de Small Caps) e IDIV (Índice de Dividendos):

Relatório Itaú BBA - Brazil Equity Strategy - Maio/2024. Crédito: Reprodução
Relatório Itaú BBA - Brazil Equity Strategy - Maio/2024. Crédito: Reprodução

Agora, imagine que você está iniciando seus investimentos em janeiro de 2016, olhando para o ano anterior (vale comentar que 2015 foi um ano econômico bem difícil para o Brasil), o dólar foi o ativo que mais se apreciou, subindo 49% no ano; em seguida,; tivemos os fundos multimercados, com 17,5%; e um CDI médio de 13,2%, por isso, normalmente, o investidor buscaria proteção, aplicando em CDI ou talvez no dólar.

Repare que, nos anos que se seguiram, o CDI foi de 13,2% a.a. para 6,4% a.a. em 2018, enquanto o dólar sofreu uma forte depreciação nos anos de 2016 e 2017. Nesse momento, geralmente com a Selic (CDI) remunerando menos nosso capital, buscamos reaplicar em ativos de mais risco. Logo após 2019, tivemos a pandemia, levando a bolsa brasileira a uma queda de mais de 50%, fechando o ano em 2,9%.

Se mudarmos o foco, nos últimos anos o CDI rondou taxas próximas a 13% ao ano. Assim, qualquer carteira com ativos em renda fixa e renda variável perdeu para o nosso principal indicador: a taxa Selic.

Em outras palavras, se você foi um investidor prudente e diversificou seus ativos, provavelmente ganhou menos do que poderia. Por outro lado, aqueles que tinham uma carteira diversificada conseguiram passar pelas turbulências de forma mais segura durante a pandemia.

Isso quer dizer que foram piores investidores? Não necessariamente. Eles fizeram o dever de casa, dado que diversificar não é só uma forma de reduzir riscos, mas também de aproveitar diferentes oportunidades de crescimento em vários setores e regiões.

Em resumo, principalmente em tempos incertos, a diversificação continua sendo a chave para investir com segurança, rentabilidade e tranquilidade, mesmo diante das incertezas do mercado financeiro.

A Gazeta integra o

Saiba mais
dinheiro Investimentos Mercado Financeiro Renda Fixa Maicon Pizzol

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.

A Gazeta deseja enviar alertas sobre as principais notícias do Espirito Santo.