O ritual da virada pede que você faça o que for necessário para que o ano que ingressa seja melhor. Pular ondas (três, talvez); comer uvas; usar amarelo atrai riqueza; vermelho, amor; branco, paz. E jogar na Mega-Sena da virada. O brasileiro não esquece da loteria. É uma questão de fé, esperança.
Costumo colocar na mesma sacola três “aplicações” que não rendem nada, em valor esperado: loterias, caderneta de poupança e títulos de capitalização.
POUPANÇA GERA RENTABILIDADE?
A caderneta de poupança está rendendo abaixo da inflação (hoje, 0,5% ao mês), mesmo com o juro básico em aceleração. Serve para reserva de emergência, mas não para se obter rentabilidade. Ainda assim, é o investimento mais utilizado por brasileiros de baixa renda, por razões muito claras: não é preciso ter educação financeira para aplicar na poupança, não se paga imposto sobre o rendimento, e a liquidez é imediata.
TÍTULOS DE CAPITALIZAÇÃO SÃO UM BOM INVESTIMENTO?
Os títulos de capitalização são adorados pelos bancões. O cliente assume o compromisso de pagar mensalmente um valor ao banco, e em troca participa de sorteios de brindes ou prêmios em dinheiro. No vencimento, os valores depositados podem ser resgatados com uma correção irrelevante (menor do que o da poupança), uma vez que parte do dinheiro é taxa de administração. O cliente pode resgatar menos do que pagou no fim do dia. É pior que guardar dinheiro no colchão.
QUAIS AS CHANCES DE GANHAR NA MEGA DA VIRADA?
Por fim, temos a loteria da Mega-Sena. A chance de você ganhar na Mega-Sena, dado que você escolheu apenas seis dezenas (fez um jogo) é de 1 dividido por 50 milhões. Está escrito no verso do cartão da loteria, aquele que você marca na lotérica. Essa divisão dá um número muito, mas muito, próximo de zero. Logo, a chance de você ganhar na loteria dado que você jogou se assemelha muito à chance de você ganhar na loteria dado que você não jogou.
A chance de você ganhar na Mega-Sena é menor do que a probabilidade de você ser atingido por um raio. O ELAT (Grupo de Eletricidade Atmosférica do INPE) afirma que por volta de 300 pessoas são atingidas por raios por ano no Brasil, sendo que 110 destas morrem (média entre 2000-2019). A probabilidade seria de 1,4 em 1 milhão.
Mas é aquela história: a esperança é última que morre. E ela é imune a qualquer raio.
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