Ph.D em Contabilidade, consultora de empresas em Ciência de Dados e negócios, professora da Fucape Business School, jornalista e comentarista da CBN Vitória

Twitter pode ajudar investidor a decidir sobre comprar e vender ativos?

A sabedoria das multidões pode ajudar os investidores a entender melhor se os lucros e os retornos das empresas vão subir ou cair no trimestre subsequente

Vitória
Publicado em 04/11/2022 às 18h22

Quanto vale uma empresa? Como sabemos que a Petrobras ou qualquer outra empresa vale bilhões ou milhões de reais? Como chegamos a essas cifras que parecem voláteis e algumas vezes irreais? Como uma startup, empresa jovem de três anos de existência, que consumiu apenas R$ 30 mil dos sócios fundadores para começar a existir, consegue um venture capital da ordem de milhões no mercado? O que faz uma firma virar um unicórnio (nome dado a startups de crescimento exponencial)? A resposta a todas essas perguntas gira em torno de um único conceito: expectativa de geração de fluxo de caixa futuro.

Uma empresa vale o seu potencial de geração futuro de dinheiro para acionistas e credores, aliás, na perpetuidade. Isso mesmo, precificamos um negócio a valor presente considerando que ele será capaz de criar valor no infinito, uma abstração matemática. Há vários modelos que nos ajudam a encontrar esse valor teórico, o fluxo de caixa descontado é o mais famoso deles. Mas há formas mais intuitivas e populares de se entender o valor de um empreendimento. São indicadores de valor não tradicionais. As redes sociais, mais especificamente o Twitter — uma das redes mais utilizadas pelo mercado financeiro no Brasil e nos Estados Unidos —, são uma dessas formas.

A mais conceituada revista científica de contabilidade do mundo, a The Accounting Review, publicou um artigo, em 2018, sobre o Twitter como preditor de fluxo de caixa futuro. Isso mesmo: a sabedoria das multidões pode ajudar os investidores a entender melhor se os lucros e os retornos das empresas vão subir ou cair no trimestre subsequente. Mas não se trata de um único tuíte, mas da opinião agregada.

O artigo “Can Twitter Help Predict Firm-Level Earnings and Stock Returns” construiu um indicador que separa tuítes positivos dos negativos sobre determinada empresa, desde que o comentário carregue uma hashtag com o ticker da companhia negociada na bolsa. Se há mais tuítes positivos (opinião agregada), os retornos futuros tendem a ser maiores.

No fim do dia, o Twitter, recentemente comprado por Elon Musk (bilionário dono da Tesla), é uma ferramenta que contém informações valiosas sobre o futuro das ações. Por outro lado, também um terreno férfil para fake news ou recomendações infundadas. Quando um investidor institucional ou qualificado tem um Twitter, sua influência sobre o mercado é grande. Para muita gente, as impressões desses grandes players sobre o mercado devem ser traduzidas como recomendações de compra ou de venda de ativos. Mas eles nem sempre concordam entre si.

Aliás, o próprio Elon Musk foi processado sob suspeita de elevar artificialmente o preço da Dogecoin, uma criptomoeda, por meio de seus tuítes, prejudicando investidores. Musk é um cara polêmico, sem dúvida. O Twitter já permite que os seguidores deem gorjetas em bitcoin (desde 2021) ou em ether (desde janeiro de 2022) aos seus criadores de conteúdos favoritos. Muito danoso para o mercado também são influenciadores digitais pagos para recomendar o ativo x ou y. A socialite Kim Kardashian está sendo processada por fazer um post patrocinado sobre um token de criptomoeda.

Então, a mensagem que fica é: redes sociais funcionam muito bem quando a fonte é confiável, e quando a informação é livre de conflito de interesses. As melhores informações, em geral, não são ditas tão facilmente por aí em um tuíte ou outro. São guardadas a sete chaves. Quando ela vaza, espalha-se, aí sim, a opinião agregada do Twitter pode ajudar, quem sabe, um investidor a se decidir sobre o futuro de um ativo.

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