Qual é o melhor investimento? Essa é uma pergunta recorrente, porque todo mundo quer saber onde colocar o seu recurso para obter o melhor retorno. No entanto, a resposta não é fácil, porque o “melhor” para um não é o “melhor” para o outro. Diversas variáveis entram na conta, principalmente a tolerância a risco, que, por sua vez, é resultado de variáveis específicas de cada investidor: perfil comportamental e pessoal, experiência e conhecimento, tamanho do patrimônio, momento de vida, idade e renda.
De qualquer forma, devemos lembrar que contra fatos (e números) não há argumentos. Se, no curto prazo, as diferentes classes de ativos oscilam bastante entre si, criando grandes assimetrias, no longo prazo, o que vai restar é o retorno intrínseco de cada uma dessas classes, considerando o ambiente macroeconômico, crises, inflação, taxa de juros, paridade de moedas, políticas públicas, situação fiscal do país, e tudo que influencia o retorno dos investimentos.
Segundo dados da Quantum Finance, desde janeiro de 2011, o Ibovespa entregou o menor retorno absoluto, tendo crescido 63,46% no período. É pouco, mas devemos lembrar que passamos por momentos de crise durante esse período. Em tese, a Bolsa brasileira está um pouco depreciada, se considerarmos o atual índice Preço/Lucro do Ibovespa, que está abaixo da média histórica.
Mas isso é apenas “em tese”. O que vai acontecer daqui para a frente e as expectativas (e incertezas) sobre o futuro é que fazem o preço neste caso. Como o mercado não está otimista, o Ibovespa sofre dentro do comparativo.
É importante separar o índice Ibovespa das ações que o compõem. No mesmo período, diversas ações brasileiras tiveram um ótimo desempenho. A questão é que o índice acionário brasileiro tem uma qualidade média baixa, inferior, por exemplo, ao S&P (índice americano). Portanto, em se tratando de ações brasileiras, selecionar ativos de qualidade de empresas lucrativas é o caminho a se seguir.
O CDI é o próximo índice, tendo rendido 207,85% desde Janeiro de 2011. Cabe aqui uma menção especial à Poupança, com retorno de apenas 137,47%. Quando a taxa de juros básica de um país é alta, acaba concorrendo com outras classes e atraindo capital que poderia seguir direto para investimentos mais próximos da economia real. O CDI estar acima do Ibovespa neste período é sintomático: desde 2011, produzimos pouco em termos de crescimento econômico e perdemos a mão na política monetária em alguns momentos.
O dólar entregou alta de 210,36% no período. Não deixa de ser surpreendente que tenha rendido mais que o CDI, já que estamos falando apenas da cotação da moeda, sem contar com juros em dólar, que seria o caso se fosse adquirida renda fixa denominada na moeda americana (dólar mais juros).
Mas devemos lembrar que o dólar tem alta volatilidade e é muito influenciado por eventos adversos. Dependendo do corte temporal, o resultado seria outro e, provavelmente, muito diferente. Não considero dólar como investimento, mas dólar mais juros (ou Bolsa em dólar) é uma opção a se avaliar para compor carteira de investimentos.
O IFIX é o próximo, rendendo 218,32% no período. Trata-se do índice brasileiro que reflete o retorno dos fundos imobiliários, que investem em imóveis para aluguel ou ativos correlacionados, como dívida imobiliária. Nos Estados Unidos, por exemplo, os REITS, instrumentos semelhantes aos nossos FIIs (Fundos Imobiliários) costumam figurar nas classes de ativos mais rentáveis, devido à robustez do mercado imobiliário americano. No entanto, o retorno do IFIX mostra que no longo prazo essa classe precisa ser considerada, até porque os yields (rendimentos) gerados pelos fundos são isentos de Imposto de Renda.
Agora chegou a hora dos campeões de hoje. O IRF-M (índice que reflete a rentabilidade dos títulos públicos federais pré-fixados) rendeu 257,82% no período. Já o IMA-B, que traz a rentabilidade combinada dos títulos públicos federais vinculados ao IPCA mais juros, teve o melhor retorno desta lista, em incríveis 292,70%.
No caso do IMA-B, ainda precisamos considerar o seguinte. Os títulos públicos federais indexados ao IPCA são tributados entre 22,5% e 15% dos rendimentos obtidos, assim como os outros títulos emitidos pelo governo. No caso de títulos privados isentos, como Debêntures Incentivadas, CRAs e CRIs, há isenção de impostos, o que aumenta o retorno líquido. Logicamente, os títulos públicos federais são considerados mais seguros do que os títulos privados. Então, a escolha de ativos deve obedecer a critérios técnicos e ao perfil do investidor.
O que fica evidente, no entanto, é que em um país com histórico inflacionário complicado como o nosso, onde o Banco Central, em um corte temporal mais amplo, nem sempre foi bem sucedido em conter a inflação, a força dos títulos indexados ao IPCA mais juros é implacável. Em diversos cortes temporais, o cenário é o mesmo: os títulos de inflação são campeões de rentabilidade no Brasil.
Por fim, cabe lembrar que as diferentes classes de ativos têm níveis bem diferentes de volatilidade, o que sinaliza graus diversos de exposição ao risco de mercado. O CDI e a poupança têm volatilidade próxima de zero. O Ibovespa é o mais volátil, seguido pelo dólar. O IMA-B, o IFIX e o IFR-M figuram em níveis intermediários.
No longo prazo, a volatilidade terá menos importância, porque o risco acaba se diluindo ao longo do tempo, mas nunca deixará de estar presente. Na última linha, uma alocação tática, técnica e eficiente, adequada ao perfil, trará a consistência que fará o investidor sair vencedor.
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