Formado em Economia pela Universidade Federal do Espírito Santo. Começou a carreira operando ações na antiga corretora do Banestes e há 5 anos é chefe da mesa de renda variável da Valor Investimentos. Sócio desde 2018 e um dos responsáveis pelo comitê de alocação de ativos. CFA® Program participant, CFA Institute.

Ainda há espaço para a valorização das empresas na bolsa brasileira

Apesar do Ibovespa representar a bolsa brasileira, ele não é necessariamente uma boa proxy do desempenho médio das ações ou mesmo das nossas empresas

Vitória
Publicado em 24/08/2022 às 12h21

Costumamos dizer que o mercado não espera, ele sobe (ou cai) de uma única vez. De julho para cá já falamos em uma alta de mais de 15% do principal índice da bolsa brasileira, o Ibovespa. No ano, mesmo depois de todo esse rali, temos uma alta de quase 8% e um desempenho abaixo da média.

Como já discutimos aqui na coluna, apesar do índice Bovespa representar a bolsa brasileira, ele não é necessariamente uma boa proxy do desempenho médio das ações ou mesmo das nossas empresas.

Por ser baseado em uma metodologia que atribui mais peso a empresas de maior valor de mercado, o índice é extremamente concentrado em poucas empresas (Petrobras, Vale e principais bancos representam 40%).

Mesmo assim, ainda estamos falando de uma alta de 15% em um período de 45 dias, uma tremenda valorização. É bem verdade que a bolsa brasileira negociava em um patamar de preço bem descontado em relação aos padrões históricos, mas a performance de curto prazo surpreende.

Nos resta saber se estamos diante de uma mudança de tendência importante assim como vimos no segundo tri de 2016 ou se estamos dentro de um pequeno voo de galinha.

Bolsa de Valores
Bolsa de Valores. Crédito: Rawpixel / Getty Images/iStockphoto

É comum dentro de Bear Markets (mercados em queda), que haja momentos de respiro sucedidos por retomadas na desvalorização das principais ações. Esse padrão é chamado de “dead cat bounce” ou, na versão abrasileirada, o "quique do gato morto".

Detalho a seguir alguns dos motivos que me levam a crer que não estamos em uma situação como essa:

  • Valuation das empresas ainda em um patamar muito descontado;
  • Ao que tudo indica estamos próximos ao nível de inflexão na taxa de juros básica da economia (historicamente é um ponto de inflexão dos mercados);
  • Enxergamos melhoras em alguns indicadores de tendência da economia como o desemprego e taxa de inflação.

Apesar de ser normal que o mercado passe por uma correção depois de uma alta toda como essa, enxergo que existe ainda muito espaço para valorização das empresas e do mercado como um todo.

Os principais pontos ofensores a essa tese, na minha visão, são o descontrole inflacionário na zona do euro e na economia americana bem como a trajetória de juros dessas economias.

Mas isso é assunto para outra coluna.

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