“O Brasil não é pobre à toa. Isso aqui é trabalho de profissional! A gente faz um esforço imenso para ser um país pobre.”
A famosa frase do professor Marcos Lisboa a cada dia se torna mais atual e me entristeço, como brasileiro, com os acontecimentos das últimas semanas que permearam o noticiário econômico. O Brasil volta a flertar com o precipício do descontrole fiscal, populismo e insegurança jurídica que de vez em quando nos assombram.
Estamos a 15 dias de um novo governo e o saldo até aqui é:
- Ministro da Fazenda mais político do que técnico e com perfil heterodoxo;
- Aumento do
número de ministérios;
- Mudança na lei das estatais (do dia para noite) para viabilizar a posse de um político em um banco público;
- Discussão de gastos fora do orçamento da ordem de R$ 175 bilhões por ano, por mais de um ano, e um possível aumento de 8% na dívida em relação ao PIB.
Apenas o novo ministro está confirmado, mas a possibilidade dos outros itens da lista acontecer é altíssima.
Meu objetivo não é politizar a discussão, não me considero apto a discutir política, tampouco a criticar a condução do jogo, mas as mensagens que estão sendo transmitidas pelo novo governo em um intervalo de tempo tão pequeno são desesperadoras. A sinalização de um modelo econômico baseado na falida heterodoxia econômica e da teoria monetária moderna dá medo.
A MMT ou teoria monetária moderna, em poucas palavras, defende um estado atuante na economia que usa dos estímulos monetários (impressão de moeda) para fomentar o crescimento econômico. A ideia é que o estado deve decidir quais setores serão estimulados e quais devem ser “freados” (através de impostos), encontrando o balanço do crescimento.
Todas as experiências documentadas tiveram o mesmo resultado: mais inflação, mais dívida, mais desemprego, menor renda e maior desigualdade de renda. Recentemente vivenciamos algo parecido aqui no Brasil durante o segundo governo Dilma e o resultado foi a nossa economia mergulhada na maior recessão de todos os tempos, em um momento que carinhosamente chamamos de a “nova década perdida”.
Reitero o que venho falando há algumas semanas: não há espaço para descontrole fiscal, quebra de contratos, mudança de regras e aumento do gasto público desordenado. Precisamos prover previsibilidade para que os empresários possam fazer negócios, gerar renda e empregos, de um ambiente macroeconômico saudável de controle de inflação, crescimento do PIB e, acima de tudo, juros mais baixos.
Torço para que tudo isso não passe de um grande mal-entendido e que possamos rir de nós mesmos por causa desse alvoroço daqui a 6 meses.
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