Trabalhar no mercado financeiro e com análise econômica é um exercício de humildade. A facilidade com a qual as coisas mudam, sobretudo na economia brasileira, é surpreendente. Na contramão do que todos os analistas esperavam, nossa economia já projeta crescimento de mais de 2% em 2022 e, ao que tudo indica, nossa inflação vai ficar abaixo de 8%.
Ainda estamos longe da nossa meta de 3,5%, mas parecemos estar diante de uma inflexão importante e, ao que tudo indica, o pior já passou. O preço do petróleo e seus derivados, que foi um dos principais vilões dos últimos meses, cedeu e a pressão no nosso nível de preços diminuiu.
Numa economia como a nossa, o preço dos combustíveis e da energia elétrica tem um grande peso sobre o nível de preços. Por serem produtos básicos para boa parte das indústrias, o aumento ou a diminuição do preço desses insumos afeta diretamente nossa inflação. E é essa a história que vou contar aqui na coluna nesta semana.
A diminuição da inflação é o principal desafio do mundo hoje. Os países desenvolvidos estão tendo problemas severos para controlar o seu avanço. O Brasil antecipou esse problema no ano passado com o problema energético (falta de chuvas e o preço da energia elétrica) e nosso ciclo de aperto monetário começou mais cedo. Com a diminuição da expectativa de inflação, abrimos espaço para diminuir nossa taxa básica de juros e é aí que várias oportunidades surgem.
Caso estejamos próximos à inflexão da inflação e por consequência do fim do ciclo de alta dos juros, podemos dizer que estamos diante de uma janela importante para o preço dos ativos brasileiros. Historicamente, o início do ciclo de queda na taxa Selic é um excelente momento para se posicionar nos ativos de risco, principalmente posições em renda variável e em títulos de renda fixa pré-fixados.
O mercado não espera, não dá chance de entrada sem cobrar seu preço. Então, para aqueles que têm espaço dentro do portfólio e que estejam dispostos a comprar essa tese, o momento é agora. É bem verdade que temos uma eleição pela frente e tudo isso pode mudar, mas eu diria que as “odds” estão do nosso lado.
Investir é um eterno exercício de humildade. Que o façamos sabendo escolher quais teses têm melhor relação de risco e retorno e que nos perguntemos diariamente se elas ainda fazem sentido.
O dinheiro não aceita desaforos.
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