Na última sexta-feira (8), as ações da Petrobras amargaram forte queda em suas cotações, fechando o pregão com uma desvalorização de 9%, em função da reação do mercado à decisão, pela companhia, de não distribuição de dividendos (parte de seus lucros) extraordinários aos acionistas. A companhia apresentou uma forte geração de caixa no trimestre e, com a conta de lucros acumulados robusta, esperava-se que um dividendo maior fosse anunciado.
A grande dúvida aqui é o que a companhia fará com esse dinheiro. Como nas gestões passadas dos governos do PT houve grande destruição de valor, com a estatal direcionando recursos para projetos que só apresentaram prejuízos, com refinarias e polos petroquímicos, agora a dúvida volta a se fazer presente.
Em vez de distribuir o lucro aos seus acionistas, o controlador, neste caso o governo federal, irá novamente usar o dinheiro gerado pela empresa para investimentos ruins, que destruirão valor? A resposta só o tempo nos dará.
Com o futuro mais incerto, o prêmio de risco exigido pelos investidores para comprar as ações da companhia cresce e, como consequência, os preços se ajustam para baixo, afinal é natural que um negócio mais arriscado valha menos. A grande questão que o investidor tem de sempre buscar solucionar é: os preços atuais compensam os riscos?
De acordo com a casa de análises Lumi Research, ainda compensa investir nas ações. Mesmo adicionando um prêmio de risco, com uma redução adicional de 10% no potencial estimado, haveria ainda uma expectativa de valorização superior a 16% ao ano para os próximos 5 anos da companhia, que deverá seguir crescendo sua produção e entregando uma boa rentabilidade. Além do risco de governança, também não se pode desprezar o risco de queda do preço do petróleo. Os cálculos do analista consideram um preço do petróleo relativamente estável nos próximos anos.
Investir em ações, na maioria das vezes, é escolher quais riscos correr. Há companhias diversas na Bolsa, que, quando avaliadas, apresentam potencial de ganhos para o investidor; e, se estas apresentam uma oportunidade, é porque há riscos envolvidos de materialização de cenários traçados e premissas assumidas. O investidor é livre para escolher qualquer companhia — ou mesmo nenhuma —, optando por alocar seu dinheiro em títulos de renda fixa, no lugar das ações. Terá sucesso aquele que escolher os riscos corretos para correr, ou seja, que avaliar melhor os cenários e as probabilidades de sucesso de cada caso.
Hoje, na Petrobras, a decisão passa por isto: vale a pena confiar que a atual gestão não repetirá os mesmos erros que se verificaram na década passada na companhia? Os instrumentos atuais de controle como a Lei das Estatais e o atual estatuto da Petrobras a protegerão? Os danos, se acontecerem, serão tão intensos a ponto de superarem o que já está embutido nos preços das ações hoje? Avalie esses pontos e você encontrará a resposta se deve ou não comprar as ações da companhia depois da forte queda de sexta-feira.
Este vídeo pode te interessar
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.