Formado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal do Espírito Santo, integrado com Purdue University Calumet (EUA). Especialista em Análise Financeira pela PUC-RS. Sócio da Valor Investimentos e chefe da mesa de renda variável Matriz. CFA®️Program Participant, CFA Institute.

Ano de 2022 foi atípico, com incertezas e muita volatilidade

Inflação e queda nos juros tem levado as expectativas de crescimento das principais economias do mundo a serem revistas para baixo em 2023

Vitória
Publicado em 22/12/2022 às 12h07
Aumento de gastos com benefícios elevará inflação nos próximos meses; taxas de juros também devem ser elevadas
Com maiores gastos com a situação fiscal delicada, o mercado projeta que a inflação possa voltar a incomodar. Crédito: Montagem: Geraldo Neto

No começo de 2022 já se esperava um ano volátil, com uma série de incertezas, globais e domésticas. A bolsa iniciou perto dos 103 mil pontos, depois de um ano difícil para as ações brasileiras, com a inflação incomodando e forçando o Banco Central a iniciar um ciclo de alta de juros bastante agressivo, o que impactou diretamente a bolsa brasileira.

Logo no primeiro trimestre teve início a guerra entre Rússia e Ucrânia que, em alguma medida, beneficiou a bolsa brasileira, visto que o preço do barril de petróleo e commodities agrícolas se apreciaram rapidamente. Ainda no cenário externo, o centro do debate se voltou para o problema da inflação global e seus impactos, tanto para os países e suas economias, quanto para as consequências para os ativos financeiros.

Com grande parte dos países com a inflação acima das metas, os bancos centrais estão precisando ajustar, mesmo que de forma lenta, os patamares de juros para conter o avanço dos preços. Isso tem levado as expectativas de crescimento das principais economias do mundo, para 2023, a serem revistas para baixo. E os principais índices de ações do mundo estão tendo um dos piores anos de performance de sua história. Depois de mais de uma década de crescimento consistente, inflação e juros baixos no mundo inteiro, é provável que tenhamos um ciclo de crescimento modesto ou decrescimento, inflação e juros elevados.

Se tratando de Brasil, a tônica do ano foram as eleições e as consequências do resultado para a economia real e os ativos financeiros. A bolsa, que iniciou o ano nos 103 mil e chegou a 120 mil com a guerra da Rússia e Ucrânia, voltou abaixo dos 100 mil pontos três meses depois, subiu para os 120 mil pontos antes da eleição e agora negocia próximo dos 106 mil pontos. Essa montanha russa reflete bem o grau de incerteza que estamos passando.

Com a eleição definida, o mercado passa a olhar para 2023 e, dado o direcionamento do governo eleito até aqui, com elevação de gastos, uso político das estatais, aumento do número de ministérios, o mercado ajusta sua expectativa para juros e inflação, o que refletiu diretamente na bolsa brasileira e moeda. Com maiores gastos com a situação fiscal delicada, o mercado projeta que a inflação possa voltar a incomodar e forçar o Banco Central a subir juros novamente, o que fez com que a bolsa devolvesse praticamente todos seus ganhos do ano e o real perdesse valor contra seus pares.

Saímos de um ano atípico para os mercados no mundo, mas em alguma medida o ano de 2023 continua sendo um ano onde a cautela será importante para a tomada de decisão de investimentos. Mas são nos momentos de incerteza que se encontram as melhores janelas de oportunidade, e em 2023 podemos ter um momento oportuno em ativos fora e dentro do Brasil.

A Gazeta integra o

Saiba mais
Banco Central Inflação Bolsa de Valores dinheiro Mercado Financeiro

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.

A Gazeta deseja enviar alertas sobre as principais notícias do Espirito Santo.