Um velho ditado do mercado financeiro diz que, em tempos de euforia, a justificativa para altas de preços além do que seria razoável é a frase “desta vez é diferente”. Em geral, não é nada diferente dos demais movimentos especulativos, que terminam sempre de maneira igual: com muita gente perdendo muito dinheiro. Atualmente, entretanto, a frase tem razão de ser, no caso da inflação americana.
O que está acontecendo neste momento nos Estados Unidos é que a inflação tem motivações diferentes da dos últimos anos. Em geral, movimentos inflacionários ocorrem por excesso de demanda. Os salários aumentam, o crédito se expande, a demanda sobe além do previsto, produtos e serviços começam a escassear e os preços saem de controle. Nesse cenário, a tarefa desagradável do banqueiro central é estragar a festa. Elevar os juros, contrair o crédito, arrefecer a demanda e fazer a inflação voltar para a jaula.
Neste caso, a inflação ocorre tanto pela demanda decorrente de uma alta dos salários americanos quanto pelo aumento de preços provocado pela restrição de oferta, em especial de petróleo e de grãos, ainda como consequência da invasão russa à Ucrânia. Ou seja, desta vez é diferente: a inflação não foi provocada apenas por um aumento de demanda. E os indicadores já mostram um arrefecimento da atividade.
Na última segunda-feira (15), o Federal Reserve regional de Nova York divulgou o índice de atividade Empire State, mostrando a segunda maior queda dos negócios desde o início da série histórica.
É nesse sentido que os membros do Fomc (Federal Open Market Committee, versão americana do Comitê de Política Monetária – Copom) avaliarão apenas o lado da aceleração dos preços (no passado) ou se já começam a incluir em suas análises a provável quebra do ritmo da atividade decorrente da piora da demanda (no futuro).
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