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Sem tabu: a importância de planejar a sucessão patrimonial em vida

Se a pessoa falecida não deixar seu patrimônio em ordem ainda em vida, os herdeiros terão muito trabalho na regularização, já que processo é burocrático

Vitória
Publicado em 28/06/2024 às 08h34

Falar de velhice e de morte é difícil e, muitas vezes, constrangedor. Existe um medo natural dos avós e dos pais de deixarem seus filhos mimados e fracos para enfrentar a vida. Há, ainda, os que dizem: "Os herdeiros que se virem, já estarei morto!"

Mas o planejamento sucessório é uma ferramenta de transição entre uma geração e outra; jamais uma sentença de morte. Somos todos responsáveis pelos que ficam. A saúde mental está interligada com a saúde financeira.

Dessa forma, a ferramenta serve ao operário; não o contrário. Ela será boa para você. O planejador financeiro, o assessor de investimentos e o consultor são treinados e cobrados para achar a ferramenta que melhor permitirá, a você, gerir o seu futuro e de todas as demais gerações de sua família.

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Um dos mitos é acreditar que inventário seja apenas para pessoas ricas. Crédito: Shutterstock

Contudo, para criar a melhor ferramenta, nós da área financeira, precisamos ter acesso a todos os seus medos e desejos, para equilibrarmos esses dois polos e montarmos a ferramenta, o planejamento sucessório, de acordo com o seu propósito.

Eu, Carol Campos, já passei por um processo de inventário e afirmo que as dores de cabeça são fortes, longas e de difícil tratamento. Não desejo que nenhum de vocês sofra 1% do que minha mãe, viúva, e seus filhos passaram — no caso, meu irmão e eu.

O inventário é um procedimento legal que precisa ser iniciado em até 60 dias depois que uma pessoa morre. Nesse processo, são identificados o patrimônio da pessoa falecida para a transmissão aos herdeiros necessários. O processo é burocrático e doloroso, pois a família, mesmo convivendo com o luto, não pode demorar para atuar: caso contrário, ela mesma pode ser penalizada com multa por atraso.

Eu aprendi uma lição valiosa: se a pessoa falecida não deixar seu patrimônio em ordem ainda em vida, familiares/herdeiros terão muito trabalho na regularização. Mesmo sem dívidas, como foi nosso caso.

Uma forma de evitar esse difícil caminho para a família é pensar na sucessão patrimonial ainda em vida. Certamente, os herdeiros vão agradecer se isso for feito. A sucessão patrimonial em vida diminui a burocracia, a carga tributária e os custos envolvidos no processo de inventário, que podem ser de até 20% dos bens a serem recebidos pelos herdeiros.

E quais são as ferramentas específicas? Os produtos financeiros são os mais diversos. Não cabe aqui a recomendação, visto que cada cliente é único. O importante é saber que, a começar por um Plano de Previdência Aberto até uma holding familiar, há diversas opções; e tudo dentro da lei.

Como educadora financeira e colunista de finanças, garanto que o processo não diz respeito apenas ao dinheiro, bens e trâmites legais; ele é educacional. É preciso educar filhos, netos e sobrinhos. É lamentável quando o arrimo da família aprende, investe e faz o planejamento financeiro e sucessório com esplendor e os herdeiros perdem tudo após tomarem posse. Muitos não são capazes de manter o que receberam, sequer multiplicar.

É preciso abordar esse tema sempre. Hoje, pode não ser relevante do seu ponto de vista, mas é inescapável falar sobre ele um dia. É preciso falar de efeitos. Em outras palavras: como preservar seu patrimônio de forma que ele seja repassado aos seus herdeiros da forma menos burocrática, onerosa e litigiosa possível. É como fazer isso tanto para os endinheirados, como para os endividados. Herda-se o bônus, bem como o ônus.

Diante de todo o exposto, comece hoje, nem que seja rascunhando o que tem: 

  • Onde estão seus bens? Estão imobilizados? Investidos em bancos e/ou corretoras? 
  • Tenho um bom relacionamento com o gerente da minha conta? 
  • Conheço bem meu assessor de investimento? Posso unificar em uma única instituição? 
  • Quem são as pessoas de confiança na minha família com quem posso dialogar sobre assunto? 
  • E quanto aos bens imateriais? Qual é o meu legado? Como posso preservar a minha memória e a da minha família? 
  • Quem são meus herdeiros legais? 
  • Quero deixar algo para um não herdeiro legal? Como fazer?

Responda com carinho e com cuidado todas essas perguntas e, naturalmente, outras surgirão. Esvazie seu cérebro e deixe em um lugar onde alguém de confiança possa encontrar em caso de emergência. Só de analisar o panorama, sua mente entrará em modo "organizado" e estará em paz.

No caso dos endividados, liste as dívidas. Organize por ordem decrescente de juros. Veja se há seguro prestamista vinculado. Converse com especialistas, leia e aprenda sobre seguros e analise se é viável fazer um para proteger seus herdeíros. Enquanto isso, amortize o máximo possível da dívida.

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