Na última quarta-feira, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) realizou, conforme previsto, mais um corte na taxa Selic, reduzindo-a em 0,5%, agora para 12,75%. Além disso, antecipou que outro corte, de igual magnitude (0,5%), está planejado para a próxima reunião em novembro. Em outras palavras, já podemos contar com uma taxa de referência de 12,25% para aplicações de renda fixa com alta liquidez em um futuro próximo.
Como podemos observar, a foto nos diz pouco neste contexto; o que realmente importa é o filme em evolução. O ciclo de redução das taxas de juros está em andamento, e é certo que veremos outros cortes no próximo ano. Ainda não é possível determinar qual será a taxa final, uma vez que as opiniões do mercado variam entre 8,5% e 10%. Embora haja uma ampla faixa de estimativas, é seguro afirmar que teremos um novo patamar significativamente abaixo dos 13,75% que prevaleceram nos últimos tempos.
Taxas de juros elevadas, como as que o Banco Central impôs ao país nos últimos anos, representam um fardo significativo para a sociedade. A dívida pública está crescendo rapidamente, empresas superavitárias estão adiando investimentos, pois é mais vantajoso manter os recursos aplicados em renda fixa, e empresas deficitárias estão quebrando devido à incapacidade de honrar suas dívidas.
Segundo informações da coluna Broadcast, os pedidos de recuperação judicial alcançaram níveis recordes até agosto deste ano. Portanto, embora as altas taxas de juros sejam o remédio mais eficaz conhecido até hoje para controlar a inflação, elas também têm efeitos colaterais indesejados, tornando essencial a administração precisa dessa dosagem.
É verdade que o governo federal e o Congresso também não têm feito sua parte. Os últimos dois anos foram de elevação do gasto público, o que colabora para uma inflação mais alta. Porém estou entre aqueles que defendem que estabelecer, no passado, uma meta de inflação de 3,0% para o Brasil sem revisá-la, quando ocorreram eventos como a guerra entre Rússia e Ucrânia, foi um dos principais erros da política monetária em nossa história.
Nunca conseguimos manter uma inflação consistentemente abaixo de 4%, tornando a meta de 3% extremamente desafiadora de alcançar. O Banco Central cumpre seu mandato ao buscar essa meta, nos impondo juros reais superiores a 8% ao ano. Isso é ótimo para quem possui poupança, mas prejudicial para quem tem dívidas e procura emprego.
A caderneta de poupança, que vinha rendendo entre 0,65% e 0,75% ao mês, agora retornará taxas mais próximas de 0,5% ao mês, resultando em ganhos reais bastante modestos para os investidores. O mesmo acontecerá com os Certificados de Depósito Bancário (CDBs) de alta liquidez e os fundos de renda DI. Portanto, o tão desejado patamar nominal de 1% ao mês, almejado por muitos brasileiros, ficará fora de alcance.
No entanto, ainda existem alternativas. Com um planejamento financeiro sólido, é possível fazer aplicações prefixadas para garantir uma taxa de juros próxima a 12% ao ano. Fundos imobiliários e Fundos de Investimento em Agropecuária (Fiagros) também representam opções atraentes, com dividendos próximos a 1% ao mês. No entanto, é importante ressaltar que esses investimentos de renda variável estão sujeitos à volatilidade inerente a esse tipo de ativo.
O momento de agir e ajustar os portfólios não será quando as taxas de renda fixa se aproximarem de 0,5% ao mês. Quando isso ocorrer, não haverá títulos prefixados com taxas elevadas disponíveis, e os retornos na renda variável também estarão mais baixos. O momento para aumentar a parcela de investimentos em renda variável está acontecendo agora.
Desde maio, o mercado já está se preparando e se ajustando ao ciclo de cortes na taxa Selic. Portanto, é aconselhável procurar seu assessor financeiro, gerente bancário ou consultor para discutir as melhores opções para ajustar sua carteira de investimentos e garantir retornos mais substanciais em um cenário de renda fixa menos generosa que se aproxima.
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