Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), uma decisão crucial foi tomada: a taxa Selic, que estava em queda contínua, foi mantida em 10,5% ao ano. Essa pausa no ciclo de redução da taxa básica de juros não surpreendeu. Depois de toda volatilidade gerada pela decisão dividida da reunião anterior, não restava ao comitê fazer algo diferente para tentar pôr, novamente, ordem na casa.
A taxa Selic desempenha um papel fundamental na economia brasileira, influenciando desde o custo do crédito até o retorno de investimentos. Sua redução ao longo dos últimos meses foi muito comemorada, visto que o patamar dos juros se encontrava muito restritivo, impactando bastante o acesso ao crédito e desincentivando o consumo e os investimentos.
Essa interrupção não era esperada, visto que o patamar de 10,5% ainda é muito elevado. Porém, com a alta do dólar e a deterioração das expectativas recentes, não havia como ser diferente. A manutenção da Selic sinaliza uma cautela do Banco Central diante de indicadores econômicos e inflacionários ligeiramente preocupantes.
Para o investidor, essa decisão tem implicações diretas. A Selic é usada como referência para diversos investimentos de renda fixa, como CDBs, Tesouro Direto e fundos de investimento. Com a taxa mantida em patamares altos, o investidor mais conservador pode comemorar, visto que as aplicações mais líquidas e estáveis continuarão entregando juros reais poupudos.
Já para os investidores em renda variável, a notícia não é boa. Com a renda fixa pagando bem, o interesse e, consequentemente, o fluxo que poderia puxar o preço das ações e dos fundos imobiliários diminuem.
Além disso, a decisão do Copom reflete as preocupações em perseguir o centro da meta inflação, que é de 3% ao ano. o que vem se mostrando desafiador, afinal, poucas vezes na história o Brasil teve uma inflação tão baixa assim; e, com o governo estimulando a economia via política fiscal, o trabalho se mostra ainda mais difícil. Já comentei aqui neste espaço como essa queda de braço entre o BC e o governo é perigosa para o país. Os juros são um remédio amargo, que desaceleram a economia e elevam a dívida pública.
Espera-se que o governo defina medidas de cortes de gastos que garantam o equilíbrio das contas públicas, eliminando, assim, incertezas sobre as pressões inflacionárias futuras. Os ministros Fernando Haddad e Simone Tebet já deram declarações nessa direção, no entanto o mercado segue cético de que o presidente Lula assumirá o custo político da medida.
No cenário externo, tivemos uma melhora nas expectativas em relação à inflação e aos juros nos Estados Unidos, porém isso ainda não se refletiu por aqui. Mas o mercado é dinâmico, novos dados e medidas implementadas pelo governo podem gerar uma melhoria nas expectativas, abrindo espaço para o Banco Central voltar a cortar a taxa Selic, porém, no curto prazo, os juros continuam altos, desestimulando o consumo e o investimento, mas fazendo sorrir a todos que têm algum dinheiro guardado e aplicado no conforto da renda fixa.
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