Graduado em Economia pela Ufes, com MBA em Gestão Financeira e Controladoria pela FGV e MBA em Digital Business pela USP. Atua há 15 anos no mercado financeiro e atualmente é diretor do Banestes.

Como alta da Selic impacta os investimentos: oportunidades e estratégias

Confira cenários, como investimentos na renda fixa, na renda variável e crédito privado, de modo a proteger o seu património financeiro

Vitória
Publicado em 15/10/2024 às 08h21

A elevação da Selic, a taxa básica de juros do Brasil, tem repercussões diretas nos diversos tipos de investimentos. Em momentos de alta, a economia desacelera, pois o crédito se torna mais caro e o consumo diminui. Para os investidores, esse cenário representa tanto desafios quanto oportunidades, especialmente no campo da renda fixa. Este artigo explora como a alta da Selic afeta os investimentos e quais são as melhores estratégias para proteger e potencializar o seu patrimônio.

Estratégia equilibrada, com foco em ativos pós-fixados e diversificação, é essencial. Crédito: Freepik
Estratégia equilibrada, com foco em ativos pós-fixados e diversificação, é essencial. Crédito: Freepik

Renda fixa: momento favorável

Investimentos em renda fixa se tornam mais atrativos à medida que a Selic sobe. Títulos públicos, como o Tesouro Selic, são os preferidos, pois acompanham a taxa básica de juros, oferecendo segurança e alta liquidez. Essa opção é ideal para quem quer minimizar riscos e manter capital disponível a curto prazo.

Além disso, CDBs (Certificados de Depósito Bancário) atrelados ao CDI – um índice próximo à Selic – apresentam boa rentabilidade. Outros títulos das instituições financeiras, como LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) e LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio), também são vantajosos, pois oferecem isenção de imposto de renda, agregando mais retorno líquido ao investidor.

Por outro lado, os títulos prefixados se tornam arriscados. Com a Selic em alta, esses ativos podem apresentar perdas, caso os juros continuem subindo além das expectativas do mercado.

Tesouro IPCA+: proteção contra a inflação

Para aqueles que visam preservar o poder de compra a longo prazo, o Tesouro IPCA+ é uma boa opção. Ele combina uma taxa fixa com a variação do IPCA, garantindo rendimentos reais mesmo em cenários de inflação elevada. No entanto, como seu preço pode oscilar no curto prazo, é mais adequado para quem pode manter o investimento até o vencimento.

Impactos na renda variável e FIIs

Com a alta da Selic, o mercado de ações enfrenta dificuldades, especialmente setores como imobiliário e varejo, que dependem mais de crédito acessível. Além disso, parte dos recursos dos investidores tende a migrar para a renda fixa, que se torna mais atrativa devido aos maiores retornos e menor risco. Setores mais resilientes, como energia e saneamento, podem manter estabilidade, mas empresas que dependem de financiamento veem seus custos crescer.

Os Fundos Imobiliários (FIIs), especialmente os de tijolo (voltados para imóveis físicos), tendem a perder atratividade em função do aumento do custo de financiamento e da competição com a renda fixa. Em contrapartida, FIIs de recebíveis, que investem em títulos de crédito, podem se beneficiar com a alta dos juros, elevando a distribuição de rendimentos.

Fundos de investimento e crédito privado

Fundos de crédito privado e multimercados também são boas alternativas em um ambiente de juros altos. No entanto, é importante que o investidor busque produtos com ativos de baixo risco de inadimplência, conhecidos como "high grade". A diversificação dentro dos fundos reduz riscos e pode proporcionar uma rentabilidade interessante.

Estratégias de investimento em períodos de Selic alta

Em um cenário de alta da Selic, é recomendável priorizar investimentos pós-fixados e com liquidez, como o Tesouro Selic e CDBs. Além disso, diversificar entre diferentes classes de ativos é essencial para reduzir riscos e manter estabilidade na carteira. Por exemplo, uma combinação de renda fixa com uma exposição moderada a ações de setores resilientes pode equilibrar o portfólio.

Outra recomendação é evitar comprometer capital com investimentos de longo prazo de retorno fixo (como prefixados), a menos que as expectativas indiquem estabilidade ou queda futura da Selic. Em momentos de alta volatilidade, manter uma parcela da carteira em ativos líquidos permite maior flexibilidade para aproveitar oportunidades futuras.

Considerações finais

A alta da Selic altera a dinâmica dos investimentos, favorecendo a renda fixa e criando desafios para a renda variável. Adotar uma estratégia equilibrada, com foco em ativos pós-fixados e diversificação, é essencial para aproveitar as oportunidades deste cenário. Ao ajustar a carteira conforme o novo ambiente de juros, o investidor pode ter mais segurança e crescimento sustentável de seu patrimônio.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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