Graduado em Economia pela Ufes, com MBA em Gestão Financeira e Controladoria pela FGV e pós-graduando em Negócios Digitais pela USP. Atua há 14 anos no setor bancário e atualmente ocupa o cargo de Superintendente de Meios de Pagamento, Investimentos e Inovação do Banestes

Confira dicas para começar a investir em 2023 com segurança

Política fiscal do novo governo deve ser um dos elementos a serem considerados na decisão

Vitória
Publicado em 20/12/2022 às 21h38

Um elemento importante que deverá ser considerado nas decisões de investimento em 2023 será a política fiscal do novo governo federal, que assumirá a gestão a partir de 1º de janeiro.

Política fiscal é o conjunto de medidas que o governo toma para administrar e controlar o orçamento da União, além de equilibrar as despesas e receitas. Com a PEC da Transição, a nova equipe econômica já sinaliza para uma política fiscal expansionista, com aumento dos gastos públicos.

O aumento de gastos pode gerar bastante volatilidade no mercado, gerar crescimento da dívida pública e aumentar o risco-Brasil. Esse cenário costuma influenciar na inflação e, consequentemente, na taxa de juros — que, por sua vez, pressiona ainda mais a dívida.

O cenário pode ser favorável à valorização do dólar; porém, para quem vai iniciar no mundo dos investimentos, o ideal não é atropelar as etapas de aprendizado. Há casos de pessoas que começaram a investir em ativos de risco antes mesmo de conhecer as opções mais seguras de investimento. Com isso, a probabilidade de que ocorra uma frustração das expectativas é grande.

Nesse momento, a estratégia mais adequada para o investidor iniciante é buscar proteger seu patrimônio contra a inflação com títulos de renda fixa pós-fixados. São alternativas seguras e rentáveis de investimento. Confira abaixo algumas dessas opções:

Certificado de Depósito Bancário (CDB)

Os CDBs são emitidos por instituições financeiras que utilizam os recursos captados para realizar empréstimos e financiamentos aos seus clientes.

O nível de segurança dos CDBs é similar ao da poupança, uma vez que está atrelado ao banco emissor e, da mesma forma, contam com a proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). O fundo é uma associação civil sem fins lucrativos, que tem por finalidade proteger depositantes e investidores das instituições associadas.

O FGC assegura que, em caso de calote ou quebra do banco, quem tem dinheiro aplicado receberá de volta até R$ 250 mil.

Geralmente, a rentabilidade dos CDBs está ligada ao Certificado de Depósito Interbancário (CDI), que é uma taxa de juros utilizada nos empréstimos entre os bancos. Ela é usada como principal índice dos investimentos de renda fixa.

Por sua vez, o CDI tem a sua remuneração influenciada diretamente pela taxa Selic, que é a taxa básica de juros da economia brasileira definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom).

Taxa Selic, taxa de juros
Taxa Selic é a taxa básica de juros da economia. Crédito: Shutterstock

Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e Letra de Crédito do Agronegócio (LCA)

Em termos de segurança, as LCIs e as LCAs são similares à poupança e aos CDBs, pois a sua decisão de investimento também deve levar em conta a robustez financeira do banco emissor. Porém, em caso de calote ou quebra do banco, quem tem dinheiro aplicado nessas modalidades também receberá de volta até R$ 250 mil do Fundo Garantidor.

Da mesma forma que a poupança, as LCIs e as LCAs são isentas do Imposto de Renda. A isenção de IR, somada à rentabilidade superior, tornam o investimento nessas modalidades ainda mais atrativo.

A diferença entre as LCIs e as LCAs é que, enquanto na primeira os recursos captados são utilizados pelas instituições financeiras para realizar financiamentos ao setor imobiliário, na segunda, os financiamentos são destinados ao setor do agronegócio.

Tesouro Selic

Essa modalidade de aplicação financeira funciona da seguinte forma: é como se você fizesse um empréstimo para o governo federal, para que o mesmo financie suas atividades de investimento e custeio da máquina pública.

Pelo fato de o governo federal ser o responsável por arcar com o pagamento dos títulos do Tesouro, os riscos dessa aplicação financeira são considerados inexistentes. Dessa forma, essa modalidade de investimento pode ser considerada ainda mais segura do que a poupança e as demais alternativas de investimentos citadas acima.

Fundos DI

Os Fundos de Renda Fixa Referenciados DI, apesar de não contarem com a garantia do FGC, são compostos, em sua maior parte, por títulos públicos do Tesouro Direto atrelados à Selic ou em títulos privados de baixo risco.

Além disso, as decisões de investimento dos recursos de um Fundo DI são realizadas por um gestor certificado e que possui mecanismos de segurança contra o risco de crédito e são altamente regulados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

De um modo geral, os fundos DI rendem mais do que a poupança e até mesmo mais do que o Tesouro Selic, mesmo após descontada a taxa de administração.

Aos investidores interessados em saber mais a dica é procurar a orientação do gerente do seu banco, que vai fazer uma avaliação do seu perfil de investidor. O profissional vai apresentar e explicar com mais detalhes as opções de investimento mais adequadas para o seu perfil.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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