Graduado em Economia pela Ufes, com MBA em Gestão Financeira e Controladoria pela FGV e MBA em Digital Business pela USP. Atua há 15 anos no mercado financeiro e atualmente é diretor do Banestes.

Risco de recessão nos EUA: entenda os impactos econômicos no Brasil

Previsão de redução no crescimento econômico do país e medidas comerciais recentes que limitam o comércio internacional podem levar a uma crise na economia norte-americana com reflexos por aqui

Vitória
Publicado em 08/04/2025 às 08h31

A economia dos Estados Unidos tem grande influência no mundo, afetando diretamente países emergentes como o Brasil. Recentemente, aumentaram as preocupações sobre uma possível crise econômica nos EUA. Este artigo explica as causas desse risco, como isso pode impactar a economia brasileira e os possíveis cenários futuros.

Origem dos temores de recessão nos EUA

O risco de recessão nos Estados Unidos aumentou devido à previsão de redução no crescimento econômico do país (Produto Interno Bruto – PIB), agravado por medidas comerciais recentes que limitam o comércio internacional, chamadas de políticas protecionistas. A aplicação de impostos mais altos sobre produtos importados gerou incertezas na economia, diminuiu o consumo dos americanos e preocupou investidores em todo o mundo. Mesmo que alguns especialistas acreditem que esses medos sejam exagerados, destacando que o consumo interno ainda é forte e o mercado de trabalho segue estável, a possibilidade de desaceleração econômica ainda é real.

Impactos no comércio exterior brasileiro

Os Estados Unidos são um parceiro comercial fundamental para o Brasil. Uma recessão nos EUA poderia reduzir bastante a compra de produtos brasileiros, especialmente de produtos agrícolas e minerais, conhecidos como commodities. Com isso, haveria uma diminuição das exportações brasileiras e queda nos preços internacionais dessas mercadorias, prejudicando setores produtivos importantes e piorando a balança comercial do país.

Consequências para Investimentos estrangeiros

Outro impacto negativo seria sobre os investimentos vindos de outros países, conhecidos como Investimento Estrangeiro Direto (IED). Em tempos de crise, investidores geralmente buscam segurança, evitando colocar dinheiro em países emergentes como o Brasil, considerados mais arriscados. A redução desses investimentos poderia prejudicar o crescimento econômico, atrasar projetos de infraestrutura e desestimular novos negócios, dificultando o desenvolvimento da economia brasileira.

Impactos no mercado financeiro

Uma possível crise econômica nos EUA traria grandes instabilidades para os mercados financeiros globais, inclusive no Brasil. Nesses momentos, investidores preferem retirar o dinheiro de países considerados mais arriscados, o que pressiona o mercado de câmbio e faz o real se desvalorizar em relação ao dólar. Essa desvalorização deixa mais caras as importações de produtos essenciais, como combustíveis e matérias-primas, o que pode aumentar os preços dentro do país (inflação).

Influência sobre a política monetária

Uma recessão nos Estados Unidos também poderia afetar diretamente as decisões sobre taxas de juros no Brasil, chamadas de política monetária. Para controlar a inflação provocada pela alta do dólar, o Banco Central poderia precisar manter os juros elevados por mais tempo ou aumentá-los ainda mais. O recente aumento da taxa Selic para 14,25% ao ano reflete essa preocupação, com o objetivo de estabilizar a economia e controlar a inflação, que está acima do desejado.

Perspectivas e cenários

Apesar dos riscos mencionados, algumas instituições, como a consultoria TS Lombard, acreditam que o risco de recessão pode não ser tão grave quanto o esperado pelo mercado. Essas análises destacam fatores internos positivos nos Estados Unidos, como o consumo doméstico forte e um mercado de trabalho sólido, que poderiam impedir uma recessão mais profunda e reduzir os impactos negativos sobre o Brasil.

Em resumo, embora haja diferentes avaliações sobre a gravidade e duração da possível recessão nos EUA, fica claro que o Brasil precisa se preparar para enfrentar esses desafios. Ações coordenadas e medidas econômicas preventivas são fundamentais para diminuir os efeitos negativos sobre exportações, investimentos estrangeiros, mercado financeiro e taxas de juros, protegendo a economia brasileira das dificuldades internacionais.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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