Um dos principais anseios do mercado para o ano de 2023 parece estar próximo de acontecer: o início do ciclo de corte de juros pelo Banco Central. Na reunião marcada para os dias 1º e 2 de agosto, ao que tudo indica, o Copom (Comitê de Política Monetária) deve decidir por cortar os juros pela primeira vez desde agosto de 2020, colocando fim a um dos mais intensos ciclos de aperto monetário da história recente do país.
As razões para se comemorar são evidentes. Os juros altos provocam diversos efeitos nocivos na economia: dificuldade de acesso a crédito, aumento com despesas financeiras, desincentivo a investimentos produtivos, maior comprometimento do orçamento público com encargos da dívida e, em última instância, uma redução no nível de atividade econômica do país.
Nos mercados, que tendem a antecipar os movimentos da economia, somente a expectativa mais concreta de queda já provocou uma valorização relevante nos preços dos ativos. Desde meados de março, quando o processo de queda de juros começou a se desenhar, o índice Ibovespa apresenta valorização próxima de 20%, enquanto o dólar cai um pouco menos de 10% frente ao real.
Diante desse cenário, a grande dúvida que paira na cabeça dos investidores é se o mercado já precificou toda a melhora de cenário advinda da queda de juros ou se ainda há espaço para valorização quando se iniciarem os cortes efetivos na Selic.
A resposta para essa pergunta, que vale mais de um milhão de dólares, está longe de ser objetiva. Abordando a questão pelo lado técnico, o potencial de valorização deveria ser pequeno, pois os mercados de juros já precificam muitos cortes no futuro. Os contratos futuros de DI negociados na BMF já indicam juros abaixo de 9% para o final de 2024, um corte de quase 5 pontos percentuais em relação à taxa atual.
Utilizando essa abordagem, toda essa queda precificada pelo mercado já deveria estar refletida no preço das ações. Assim, só haveria espaço de valorização adicional caso os juros caíssem abaixo dos 9% já precificados, o que não parece provável, dado o cenário atual.
Entretanto, olhando para o lado prático, existem boas razões para acreditar que o início do ciclo de afrouxamento monetário pode trazer bons ventos para os ativos brasileiros. Se olharmos para o histórico recente, os momentos em que a Selic esteve no ponto máximo do ciclo foram excelentes oportunidades de comprar bolsa no Brasil.
Em evento recente, Luís Parreiras, um dos principais gestores do lendário Fundo Verde, definiu muito bem esse fenômeno: “O brasileiro opera Bolsa olhando a manchete do jornal e não a curva de juros”.
Para um ou outro lado, teremos em breve as respostas para essa questão. Na próxima reunião do Copom, as expectativas de mercado apontam para um corte ainda tímido, de apenas 0,25p.p., mas que deve ser seguido por mais três cortes de 0,5p.p. até o fim do ano, levando a taxa Selic para 12%.
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