Antes da crise, no fim de 2019, 12,1% das pessoas que tomaram crédito no Brasil estavam inadimplentes. O dado foi divulgado pelo Banco Central nesta terça-feira (30).
Dos 85,3 milhões de tomadores, 11,4% tinham mais da metade da renda comprometida com parcelas de empréstimos. Além disso, 3,4 milhões de pessoas usavam cheque especial, crédito pessoal e rotativo de cartão de crédito, simultaneamente.
Destes, 2 milhões ficavam com a renda abaixo da linha da pobreza (cerca de R$ 440) depois que pagavam todas as suas parcelas.
No levantamento, o BC classificou como "endividamento de risco" quando o cliente se encaixava em pelo menos duas dessas quatro situações (inadimplência, comprometimento de renda, utilização de linhas simultâneas e renda abaixo da linha da pobreza depois da quitação das faturas).
Na época, 4,9 milhões (5,4%) de brasileiros estavam em situação de endividamento de risco. De acordo com o levantamento, 39 mil pessoas atendiam aos quatro critérios.
A pesquisa mostrou que o percentual dos endividados de risco aumenta com a idade e chegou a 7,9% entre clientes acima de 65 anos, quase o dobro do observado entre aqueles com até 34 anos.
Esse nível de endividamento era maior entre aqueles que ganham entre R$ 5 mil e R$ 10 mil mensais (6,5%).
"Em números absolutos, cerca de 54% dos tomadores encontram-se nas faixas intermediárias de renda, de R$ 2 mil a R$ 10 mil. As menores proporções de endividamento de risco encontradas nas caudas de maior e menor renda indicam que a propensão ao endividamento de risco pode ser um fenômeno de renda média", pontuou o levantamento.
A maior parte das pessoas com esse nível de endividamento moravam na região norte, com 7,7% no Amazonas e 7,5% no Amapá. O Espírito Santo, com 4,6%, foi o estado com a menor participação de endividados de risco na população devedora.
"Em geral, a incidência do endividamento é homogênea entre as regiões, seguindo a média nacional de 5,4%, com exceção da região Norte, onde sobe para 6,1%. Ademais, a proporção de endividados de risco que moram em capitais é similar à proporção de moradores de outros municípios", avaliou a pesquisa.
O levantamento esclareceu que há diferença entre endividamento de risco e superendividamento.
"Superendividamento é o resultado de um processo no qual indivíduos e famílias se encontram em dificuldade de pagar suas dívidas a ponto de afetar de maneira relevante e duradoura seu padrão de vida", ressaltou o BC no estudo.
Segundo o texto, os dados disponíveis à análise do BC não permitem mensurar o superendividamento.
"A extensa base de tomadores de crédito do SCR, ao mesmo tempo em que possibilita uma visão abrangente do crédito no país, não permite a incorporação dessas variáveis econômicas e, principalmente, do componente subjetivo do superendividamento. Para tanto, seria necessária a aplicação de perguntas individualizadas para seu aferimento, em geral disponíveis apenas para pequenas amostras", explicou.
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